O Legislativo de São Caetano volta a mostrar descontentamento com o Executivo. Ontem, os vereadores se recusaram a votar o pacotão de projetos enviados pelo Paço, forçando o presidente da Casa, Sidnei Bezerra da Silva, o Sidão da Padaria (PSB), a convocar mais duas sessões extraordinárias para segunda-feira, pela manhã, para tentar destravar a pauta.

Oficialmente, os parlamentares se dizem irritados com o fato de o prefeito Paulo Pinheiro (PMDB) enviar projetos às pressas e criticam a insistência do Paço em tentar emplacar votação rápida de propostas. Mas, o novo estremecimento da relação seria a falta de adesão por parte da base governista aos candidatos do Palácio da Cerâmica na eleição de outubro. A administração aposta em Robinson Castropil (PMDB) e no vereador Jorge Salgado (Pros) como postulantes a deputado estadual e federal, respectivamente, mas parte dos vereadores tem destinado apoios a outros nomes do Grande ABC.

A principal derrota imposta ontem à gestão peemedebista foi a não votação do projeto que permite a instalação de postos de gasolina próximos a instituições de ensino e de equipamentos de Saúde. A atual legislação determina distância mínima de 300 metros desses estabelecimentos com escolas e unidades hospitalares. A administração quer manter proibição apenas quando o posto estiver parede com parede dos equipamentos públicos.

Nesse contexto, o único caso que se enquadra é a EMI (Escola Municipal Integrada) José Auricchio, no bairro Santa Paula. Construída no fim da gestão passada, a unidade ainda não foi inaugurada porque foi erguida ‘colada’ a um posto de gasolina. Na ótica de alguns parlamentares, a alteração é rixa política, já que a escola leva o nome do pai do ex-prefeito José Auricchio Júnior (PTB), adversário de Pinheiro.

O projeto não recebeu respaldo das comissões de Justiça e Redação e de Finanças e Orçamento e só deverá retornar à pauta depois do recesso parlamentar, em agosto. A sessão de ontem foi suspensa e os vereadores se reuniram por mais de meia hora a portas fechadas para debater, sob tensão, a proposta.

O Paço também não conseguiu emplacar a votação do projeto que autoriza a criação de 33 cargos no Consórcio Intermunicipal. A medida já foi avalizada em São Bernardo e em Diadema, mas os vereadores condicionam a apreciação do texto ao aumento de vagas dos parlamentares no conselho consultivo do órgão.