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Ronaldo marca, mas não resolve e Portugal está fora

Portugal chegou aos mesmos quatro pontos dos Estados Unidos, que perdeu para a líder Alemanha

Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
27/06/2014 | 07:27
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Ricardo Trida/DGABC


O melhor jogador do mundo não foi capaz de levar Portugal para as oitavas de final da Copa. Cristiano Ronaldo até se esforçou, mas correu sozinho em time limitado tecnicamente e que não fez por merecer a vaga. Gana viu a classificação de perto, mas tropeçou nos problemas internos que os jogadores criaram e também foi eliminada. A vitória lusitana por 2 a 1 não serviu para nada e quem foi ao Mané Garrincha, em Brasília, viu dois times morrerem abraçados.

 Portugal chegou aos mesmos quatro pontos dos Estados Unidos, que perdeu para a líder Alemanha (sete) por 1 a 0, em Recife, mas ficou atrás no saldo de gols (0 contra -3). Gana ficou na lanterna, com um ponto.

 Faltaram três gol para os lusitanos conseguirem a vaga. Justamente foram três chances incríveis desperdiçadas por Ronaldo. Mas seria injusto descarregar a responsabilidade pela eliminação nas costas do craque.

 A pressão pela vitória desestabilizou os times. Só podia ser essa a explicação pelos 289 passes errados (150 de Portugal e 139 de Gana). Eleito o melhor em campo, até Cristiano Ronaldo distribuiu dez bolas tortas.

 O atacante, porém, tirou suspiro da torcida. Aos cinco, ele tentou cruzamento e, sem querer, acertou o travessão. Aos 11, cobrou falta, mas Dauda espalmou. Na melhor chance, aos 18, na pequena área, Ronaldo cabeceou, mas o goleiro salvou.

 Gana estava fragilizada. Os jogadores fizeram greve até receber a premiação prometida pela Associação Ganesa de Futebol e, antes de a bola rolar, Muntari e Boateng, principais nomes do time, foram expulsos da delegação por indisciplina.

 Assim, com Portugal errando passes e Ronaldo desperdiçando chances, o gol saiu em falha do zagueiro Boye, que tentou cortar cruzamento e marcou contra, aos 30 minutos.

 No segundo tempo, o jogo ganhou emoção, mas porque, no outro jogo da chave, a Alemanha fazia 1 a 0 nos Estados Unidos. Gana, que vencendo se classificaria, empatou logo aos 11, com Gyan de cabeça.

 A vaga esteve nas mãos, ou melhor, na cabeça do ganês Waris, mas, sozinho, ele mandou para fora, aos 15 minutos.

 À medida em que o tempo passava, o jogo caía de intensidade. Desmotivado com a quantidade de passes errados, Ronaldo chegou a desistir do jogo. O atacante, porém, foi premiado aos 34, quando Dauda rebateu bola no pé do português: 2 a 1.

 Portugal precisava de mais três gols e criou chances para isso. Mas Ronaldo perdeu duas oportunidade incríveis e enterrou o sonho lusitano na Copa.

Atacante quebra jejum, mas sai de cena

 Cristiano Ronaldo atraiu as atenções desde o momento em que entrou em campo até quando ficou atônito, no centro do gramado, após o apito final. Seu estilo inconfundível e o talento individual geravam expectativa de que pudesse criar alguma jogada genial diante dos voluntariosos ganeses.

 A pressão por carregar o time nas costas, porém, parece ter pesado. Tinha ainda um fantasma que assombrou os melhores jogadores do mundo eleitos no ano anterior à Copa. Luís Figo (no Mundial de 2002), Ronaldinho Gaúcho (2006) e Messi (2012) passaram em branco. Será que Ronaldo experimentaria desse sabor amargo?

 As oportunidades incríveis desperdiçadas e falta de sorte em alguns lances davam a sensação. A maldição durou exatamente até os 34 minutos da etapa final, quando a bola sobrou limpa, dentro da área, para o português encher o pé e, enfim, estufar a rede.

 Contrariado, ele não comemorou o seu terceiro gols em Copas do Mundo – havia marcado um em 2006 e outro em 2010. Sabia que podia ter feito a diferença, a exemplo de Messi e Neymar para Argentina e Brasil, respectivamente.

 O atacante usa velocidade empregada nos campos para driblar a imprensa. Agradeceu os gravadores apontados para a sua boca com sorriso amarelo no rosto, disse “futebol é assim” e saiu de cena.

Paulo Bento diz que time não mereceu

A matemática é infalível e o futebol não permite tantas falhas. A goleada (4 a 0) sofrida por Portugal para a Alemanha na estreia da Copa do Mundo pôs tudo a perder. A opinião é do técnico lusitano Paulo Bento, que relacionou a perda da vaga ao fim da partida desastrosa em Salvador.

 “Ficamos abatidos com o resultado do primeiro jogo”, constatou o treinador, lembrando que o time só foi eliminado pelos Estados Unidos no saldo de gols (-3 contra 0). “A única coisa que posso dizer é que é um balanço negativo, pois não conseguimos o objetivo final. Depois, a forma como ocorreu esses três jogos creio que tivemos aquilo que merecemos. As duas equipes que passaram prevaleceram”, assumiu.

 O técnico evitou apontar culpados e se absteve de comentar a influência que a expulsão infantil do zagueiro Pepe na estreia teve para o time. “Jamais colocarei a responsabilidade em cima de alguma individualidade, seja de quem for”, respondeu Paulo Bento, deixando claro que o time fez bem menos do que poderia durante a Copa. “Valemos muito mais do que aquilo que produzimos”, completou.

Apatia marca clima no Mané Garrincha

 A situação complicada que Portugal estava na luta pela classificação às oitavas parece ter desanimado os torcedores. O clima antes de a bola rolar no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, era calmo até demais. Depois da euforia enfrentada com brasileiros e camaroneses, na segunda-feira, os portugueses mais pareciam estar indo assistir a uma partida de tênis.

 Um dos motivos que podem ter contribuído para a desmotivação do torcedor foi o futebol apresentado pelo craque Cristiano Ronaldo. Com tendinite no joelho direito, o atacante decepcionou na Copa do Mundo.

 “Ronaldo não está bem, todo mundo sabe que ele não está bem. A equipe tem muita gente machucada e o grupo perdeu força”, comentou o português Luiz Rodrigues, da cidade de Odemira que, mesmo assim, mostrava confiança antes do jogo. “Acho que Portugal vai ganhar por 4 a 0, a Alemanha vai derrotar os Estados Unidos para trazer a estrelinha para nós”, comentou ele, que acertou só uma parte da previsão. 

 Boa parte dos torcedores portugueses na porta do Mané Garrincha era experiente em Mundiais. Luiz Rodrigues também já esteve em três Eurocopas, além de duas Copas do Mundo e teve impressão positiva do que viu do Brasil. 

 “Está sendo muito bom. Os estádios são modernos, funcionais, fomos bem recebidos em Salvador, em Manaus, estou encantado com Brasília, uma das cidades mais diferentes que já visitei. Pela organização o Brasil mostrou que é capaz de receber uma Copa do Mundo”, comentou o português, que agora tentará antecipar seu voo de volta para casa, marcado para o dia 14 de julho, um dia após a final.

Appiah elogia grupo e afirma que cortes não interferiram no resultado final

O técnico de Gana, James Appiah, elogiou a postura da sua equipe, que por pouco não avançou às oitavas de final da Copa do Mundo. O treinador ainda garantiu que os cortes de Muntari e Boateng, por indisciplina, não interferiram no desempenho do time diante de Portugal.

 “A decisão de cortar dois jogadores hoje (ontem) pela manhã foi por questões disciplinares. É preciso olhar para toda a equipe e não apenas para um ou outro jogador. Os incidentes aconteceram há alguns dias. Quando tomamos a decisão, achei que não afetaria o time para a partida. E acho que não afetou. Jogamos bem apesar da derrota e por pouco não nos classificamos”, comentou ele. 




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