Esportes Titulo Esforço
Torcedor cruza Mercosul de bicicleta
Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
27/06/2014 | 07:13
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Chuva, vento, frio, calor, insetos, acusação de roubo com direito a enquadro da polícia... A viagem de Franci Tapia Ganahín desde a cidade de La Callera, a 112 quilômetros de Santiago, até São Paulo teve tudo isso e mais um pouco. Mas engana-se quem pensa que estes problemas podem ter sido minimizados por estar a bordo de um carro ou ônibus. O homem de 47 anos veio de bicicleta ao Brasil para assistir – ou pelo menos tentar acompanhar – a Roja na Copa do Mundo.

 Ele partiu do território chileno em 10 de maio e chegou à Capital paulista no dia 22, ou seja, após 42 noites dormindo em colchonete dentro de barraca em um lugar qualquer, alcançou a Arena Corinthians, local do duelo entre sua seleção e a Holanda, no dia seguinte.

 Anteontem, ele desembarcou em Belo Horizonte de carona e abrigou-se bem em frente à Toca da Raposa 2, onde a seleção chilena está hospedada. “Foram 3.870 quilômetros até São Paulo, pedalando entre 65 e 150 quilômetros diários, feitos entre oito e dez horas por dia. Tive de enfrentar ventos fortes, frio, calor, insetos – aos quais sou alérgico – e problemas técnicos nas marchas da bicicleta”, conta Franci, que costuma treinar nos Andes e já fez expedições às geleiras e ao Aconcágua.

 Mas a meta do chileno teve alguns problemas pelo caminho, o principal deles vivido na Argentina. “Eu estava no lugar errado, na hora errada. Uma patrulha da polícia me abordou, me acusando de roubar um celular. Revistaram tudo e, no fim, pediram desculpas. Foi um grande susto”, lembra.

 Não bastassem as adversidades, o chileno não veio ao Brasil com ingressos para os jogos. “Graças a Deus, uma pessoa me deu uma entrada para o jogo contra a Holanda. Agora, espero que caia uma do céu para assistir contra o Brasil”, diz. “Mas já estou feliz por estar aqui para apoiá-los. Me sinto com objetivo cumprido”, completa o chileno, que acredita em triunfo de sua seleção amanhã. “Temos os elementos necessários e bons jogadores para ganhar do Brasil, assim como fizemos contra a Espanha”, aposta.

 No entanto, Franci Tapia ainda tem outro desafio pela frente: voltar. Ele não fará isso de bicicleta, afinal ainda se diz “inchado” da vinda ao Brasil, mas não tem muitas alternativas por enquanto. “Não tenho como voltar. Vou esperar alguma oportunidade”, explica o ciclista, que tentou poupar dinheiro durante a viagem para ter como retornar ao Chile. Antes, porém, tem um desejo. “Gostaria de conhecer o Rio. É um sonho”, conclui. 




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