Após enfrentar falta de mão de obra iniciante para trabalho pesado em metalurgia de caldeira, e se sensibilizar com a situação de haitianos que estão na Grande São Paulo em busca de trabalho, a empresa de Ribeirão Pires Heatmec abriu 12 vagas para ajudante de produção e entrevistou, ontem, 21 haitianos para os postos.

Em busca de profissionais que tenham mínimo conhecimento com ferramentas e trabalho pesado, dentre os candidatos, na maioria moradores da Capital, a empresa avaliou que três se encontram aptos ao labor. Por isso, até o fim do mês, garantiu o sócio-proprietário Alberto Cavalini, a companhia buscará mais candidatos desse país em Santo André, na favela dos Ciganos, no bairro Utinga. O local concentra cerca de 650 desses estrangeiros.

O encarregado de caldeira Zenilton Pacheco Amaral, há 35 atua no segmento. Comandante do chão, ele revela que o trabalho é pesado, com exposição à poeira, ao calor, tendo em vista que são serviços de usinagem e soldagem. A remuneração, para um ajudante, que não precisa de tanto conhecimento, é de, aproximadamente, R$ 1.300. “Mesmo assim temos falta de mão de obra. O jovem chega na empresa, fica poucos meses porque, olhe (apontou à linha de produção), é pesado.”

A encarregada de RH Regina Oliveira Silva, foi a responsável pela seleção do grupo, em parceria com a Igreja da Paz, da Capital. Contou que em sua busca, escolheu os haitianos que já estavam regularizados no País. E, de preferência, que possuem carteira de trabalho.

Cavalini destacou que, se fosse por ele, contrataria todos os 12 trabalhadores de uma vez, tendo em vista que a situação de desemprego deles o sensibiliza. Mas deixou claro que existe a visão empresarial. “Não queremos trazer eles aqui e dispensar em pouco tempo. Queremos trabalhadores que fiquem por muito tempo conosco”, explicou, apontado documento com detalhes de seu quadro de funcionários, em que alguns estão há mais de 25 anos na empresa.