Cultura & Lazer Titulo Dupla punk
Do Uruguai para o mundo

Dupla punk Antibanda cai na estrada, monta
base na região do Grande ABC e roda o Brasil

Vinícius Castelli
18/05/2014 | 07:20
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Orlando Filho/DGABC


Imagine uma história em que um casal que está junto há seis anos, monta uma banda, coloca tudo o que precisa para viver de forma básica dentro de uma van, incluindo os instrumentos para um show, enche o tanque e cai na estrada. E quando se fala em ‘cair na estrada’, não é ir para o estado vizinho, mas sim rodar outros países.
 
Parece até pano de fundo de filme, mas não é. Essa é a vida da Antibanda. Formada por Marcelo Castellanos, conhecido como El Kbza Del Ultimo, e Camila Tornatore, que atende por Camily Boop, a dupla deixou sua cidade natal, Montevidéu, capital do Uruguai, no dia 17 de março rumo ao Paraguai, para dez dias de apresentações. 
 
Ele, 41 anos, cuida da guitarra, voz e contrabaixo – reproduzido com ajuda de efeitos –, ela, 24, cuida da bateria dessa ‘banda punk formada por dois’, que surgiu há três anos na cena independente. Do Paraguai, cruzaram a fronteira brasileira e estão hospedados em Santo André, na casa do amigo brasileiro Guilherme Miranda. A amizade dos uruguaios com Miranda começou quando ele foi ver um show da banda em Montevidéu. De lá para cá, a camaradagem cresceu tanto que ele ajuda a dupla na divulgação dos shows.
 
Além das apresentações que fizeram no Grande ABC e São Paulo, a Antibanda já rodou com sua casa móvel por Natal, Salvador, Recife, Belo Horizonte, Brasília e uma porção de outras cidades. “A base do punk é essa, pegar as coisas e sair por aí”, conta o guitarrista, que curte a terceira passagem da Antibanda pelo País. 
 
Da vivência na região, além dos amigos que fizeram e das bandas com quem tocaram, eles levam na mala um videoclipe para a música Garganta, gravado no Estádio Bruno José Daniel, em Santo André. 
 
A casa do par no Uruguai está alugada e o dinheiro serve para ajudar nas contas da banda. Mas a fonte de renda principal é a venda de merchandising. Eles são donos de uma pequena empresa que faz camisetas, buttons e tudo mais o que um grupo precisa. Além disso, na estrada, vendem seu próprio material, o que garante o combustível e a comida. 
 
“Da outra vez que viemos para cá, vendemos 150 camisetas. Desta vez trouxemos 300 e já foram todas. Tivemos que fazer mais e acabaram de novo, e então, fizemos mais. Saímos do Uruguai com 18 shows marcados e já fizemos 28. Nossa van já rodou 15 mil quilômetros até agora”, diz Camily.
 
O músico conta que a sintonia dos dois no palco é ótima. “Tínhamos um contrabaixista mas não deu certo. E nós dois damos conta. Eu toco há 25 anos e encontrei Camily pelo caminho. Costumo dizer que passei mais de 20 anos procurando por ela”, declara.
 
Na van, panelas, colchão, forno elétrico e os três discos independentes lançados se misturam com instrumentos musicais e bicicletas. Sim, eles usam as ‘magrelas’ para conhecer os lugares por onde passam. “Nós passamos dez meses do ano no carro, viajando. Morando na van, gastamos menos do que pagando contas em casa”, diz Del Ultimo. “Amamos o Uruguai, mas gostamos mais de viajar”, acrescenta Camily.
 
“O que nos fascina é que cada lugar é de um jeito. E no Brasil, se você vai de São Paulo para Salvador, parece outro país”, diz ela. “Entre escolher uma vida com trabalho fixo e essa, escolhi essa. É difícil, sacrificante, pois deixamos tudo para trás. Mas a satisfação que se tem é muita, não troco por nada”, diz Camily. A saga deles pode ser conferida em sua página do Facebook (www.facebook.com/antibandastreetpunk).
 

A volta ao Uruguai está marcada para o dia 27, quando vencem os vistos. O descanso será curto, e em seguida, a estrada os aguarda. Próximas paradas: Bolívia, Peru, Equador, Venezuela e Colômbia. 




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