Cultura & Lazer Titulo Especial
Entre tablets e estante

Contato de crianças com e-books ainda é
pequeno, mas elas leem mais que média do País

Luís Felipe Soares
18/04/2014 | 07:20
Compartilhar notícia
Nario Barbosa/DGABC


A paixão pela leitura começa na infância. É pelas obras que exploramos ainda pequenos – em casa e na escola – que desenvolvemos o gosto pelo universo literário, no qual vivem figuras como uma boneca falante e um garoto com uma panela na cabeça. Tais obras são celebradas no Dia Nacional do Livro Infantil, comemorado hoje em homenagem à data de nascimento de Monteiro Lobato (1882-1948).

Estamos em uma era na qual a tecnologia disponibiliza outras plataformas para entrar em contato com títulos tradicionais e lançamentos. A boa notícia é que, independentemente do suporte, as crianças leem mais que a média dos brasileiros. Segundo a última pesquisa feita pelo Instituto Pró-Livro, Retratos da Leitura no Brasil, de 2011, a faixa etária de 5 a 10 anos leu 3,04 livros em um período de três meses, enquanto que as de 11 a 13 têm média de 3,53. A média geral da população também em um trimestre foi de apenas 1,85.

A dúvida é como as mídias atuais podem estimular os jovens leitores e se o tradicional e o moderno podem coexistir.  “A possibilidade dessa convivência acontece na medida em que o público se adapta a novos formatos. Não é simplesmente consumir a leitura por meio de um dispositivo diferente, mas optar pelo meio que seja melhor para cada um”, explica Antonio Rios, presidente do Pró-Livro.

POUCO CONTATO

O mesmo estudo do Pró-Livro diz que o contato de crianças e jovens com e-books e livros digitais ainda é pequeno. Na faixa dos 5 aos 17 anos, a utilização é de 22%. Os números também apontam que a penetração de publicações convencionais (66%) é bem maior do que a de obras digitais (3%) para crianças entre 5 e 10 anos. A tendência continua alta na faixa entre 11 e 13 anos (84% contra 5%, respectivamente).

Aos 12 anos, João Pedro Oliveira não perde a oportunidade de ‘devorar’ a leitura. A última foi Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban. “Acho que me ajuda a interpretar melhor os textos que os professores passam. Acaba sendo divertido”, diz o morador de São Caetano. Ele também tem alguns títulos baixados no tablet da família, mas ainda prefere o contato com o impresso. “Estou me acostumando, mas acho que força muito a vista.”

Sua mãe, Selma Migliani, afirma que ela e o marido sempre buscaram fazer com que os livros fossem parte da vida do filho. “Tudo pode ser válido, desde ler ao lado dele ou espalhar livros pela casa. Aproveitamos que ele sempre demonstrou interesse. Lembro de deixarmos de comprar uma bola para pegarmos um livro ou gibi.”

Apesar de deixar claro que as novidades modernas ainda são para poucos (“como foi a TV no passado”), Rios acredita que qualquer estímulo é válido. “A infância é crucial para essa ligação com as palavras em geral. Temos de investir nessa fase da vida e é ali que preparamos os seres humanos. A tecnologia é apenas uma ferramenta e não substitui nada.”

Clássicos infantis nacionais marcam o imaginário. De acordo com a mesma pesquisa, a série de publicações que compõem o universo do Sítio do Pica-Pau Amarelo é a quarta mais lembrada em ‘livros marcantes’, superando Romeu e Julieta, Dom Casmurro e Harry Potter. Monteiro Lobato lidera a lista dos escritores brasileiros mais admirados, à frente de Machado de Assis e Paulo Coelho.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;