Economia Titulo Setor automotivo
Metalúrgicos discutem crise com governo

Sindicato busca melhora de cenário para
evitar corte de empregos na área de caminhões

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
04/04/2014 | 07:30
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Celso Luiz/DGABC


Para tentar evitar onda de demissões no setor, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC está negociando com o governo federal fórmulas para melhorar o cenário das indústrias de caminhões, que passam por período de vendas em queda neste início de ano. No primeiro trimestre, houve redução de 24,42% nos licenciamentos desses veículos ante igual período de 2013.

Segundo o presidente do sindicato, Rafael Marques, um dos resultados dessas conversas foi que o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) retomou, na quarta-feira, a modalidade simplificada da linha de crédito Finame-PSI, que financia caminhões e ônibus a juros de 6% ao ano.

Desde o início do ano, o banco só vinha operando essa linha no formato tradicional, em que, depois de serem analisados pelos agentes financeiros (os bancos comerciais), os pedidos de compra tinham de passar pelo crivo da instituição do governo. Isso fazia o processo de aprovação dos contratos levar até 50 dias. Com a forma simplificada, não há necessidade da segunda análise, pelo BNDES, o que agilizará a liberação do recurso, explica Marques.

O sindicato tenta também retomar as discussões em relação a programa de renovação da frota de caminhões com o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que assumiu o cargo em fevereiro. “Desde que houve a mudança de ministro (a negociação) parou”, disse o dirigente. O plano tem como foco, por meio de política de incentivo tributário e de financiamento, estimular os transportadores autônomos que tenham veículos com mais de 30 anos de uso a trocar por outro, pelo menos, seminovo.

MERCEDES

A Mercedes-Benz distribuiu, nesta semana, comunicado a seus cerca de 12,5 mil trabalhadores da fábrica de São Bernardo, afirmando que “a redução da força de trabalho é inevitável”, e que os riscos previstos do mercado “indicam excesso superior a 2.000 pessoas no segundo semestre deste ano”, por causa das vendas internas baixas e também da retração das exportações.

Contatada pelo Diário, a montadora informou que deve anunciar, nos próximos dias, a abertura de PDV (Programa de Demissão Voluntária). A empresa afirmou ainda que colocará, em breve (a data não foi revelada), parte dos cerca de 200 funcionários da área de CKD (veículos desmontados, destinados à exportação) em férias coletivas.

A empresa também negocia com o sindicato a colocação de parte do pessoal da produção de caminhões (área com aproximadamente 2.000 pessoas) em licença remunerada, a partir de 5 de maio. A intenção é reduzir essa atividade, de dois turnos, para um só. Marques assinala que as negociações com a Mercedes não estão concluídas, mas que o cenário do mercado, em baixa, não ajuda.

A crise afeta também outras empresas do ramo. A Ford vai parar a fabricação de caminhões (área com 900 funcionários), de hoje até o dia 14. Na Scania, já houve parada de cinco dias no início do ano. Segundo Marques, a fabricante tem em seu quadro de funcionários (de 4.000 pessoas) cerca de 660 contratados por prazo determinado e que, de acordo com a demanda, alguns são efetivados, mas outros não.


 




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