Cultura & Lazer Titulo Especial
Decidindo o futuro
da Banda Jazz Sinfônica

Prefeitura de Diadema não sabe se vai dar
continuidade às atividades do grupo musical

Luís Felipe Soares
12/03/2014 | 07:15
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Marina Brandão/DGABC


A 13ª temporada de atividades da Banda Jazz Sinfônica de Diadema pode ser a última do grupo. Com passagens por importantes eventos nacionais, como a Virada Cultural Paulista, e internacionais, incluindo apresentações na Suíça durante o respeitado Montreux Jazz Festival, a formação parece não estar nos planos da Prefeitura da cidade para os próximos anos, uma vez que o Executivo tem reavaliado os projetos geridos pela Secretaria de Cultura.

Apesar de a Pasta ainda não se pronunciar de maneira oficial sobre o futuro da banda, todos os envolvidos já esperam seu fim. “Nossos músicos já foram informados desse impasse e estão correndo atrás de outras oportunidades. Não sei quantas pessoas dependiam somente da Jazz Sinfônica, mas eu estou em uma situação complicada. Todos vêm a mim e eu não tenho informação alguma. É uma situação desagradável”, revela o maestro norte-americano Todd Murphy, há quase dez anos à frente do conjunto. “Sinto que é algo muito esquisito, pois somos um projeto que tem tido resultados ótimos. Sempre lotamos os teatros por onde passamos, recebemos convites importantes e a Prefeitura já disse que somos um dos orgulhos da cidade.”

A Banda Jazz Sinfônica é atualmente formada por 26 artistas e conta com um gasto de cerca de R$ 23 mil mensais, sem reajuste há cinco anos. Murphy diz que o salário está atrasado desde janeiro. Com o impasse e a falta de apoio financeiro, o conjunto instrumentista tem parada a produção de seu segundo álbum, gravado no ano passado, e cancelou apresentação que faria ao lado do cantor e compositor Hermeto Pascoal no próximo mês em Santos.

Segundo o diretor artístico do grupo, Paulo Assis, o secretário de Cultura Gilberto de Souza Moura, o Giba da Cultura, mostrou predileção pela retomada das atividades da Banda Lira Musical de Diadema – cujas últimos compromissos datam de agosto. “Estamos ficando órfãs de repente. Eles têm todo o direito de não dar sequência com a banda, mas essa falta de verdade deixa tudo muito vergonhoso. Não temos direitos trabalhistas nenhum e ficamos com uma mão na frente e outra atrás.”

Ex-maestro da Banda Lira, Lucas Guimarães deixou o cargo em junho após a falta de atividades. “Como já tenho certa experiência, não senti no Giba, durante os nossos encontros, que eles queriam algo sério. A banda parou e ninguém falou nada. A qualidade dos dois grupos está muito boa. Com a mudança do governo local desde o ano passado já sentimos a diferença”, lamenta.

Entre as discussões dentro da Secretaria de Cultura está em pauta a formação de um novo corpo artístico musical que poderia reunir integrantes da Jazz Sinfônica e da Banda Lira. A Pasta afirma que, neste momento, o município não tem condições financeiras de manter os dois grupos. Também é possível que essa futura formação seja composta por músicos aleatórios convocados por meio de edital.

“As bandas são trabalhos musicais, mas seus estilos são completamente diferentes. A Lira é feita para agradar o povo de Diadema, já a outra tem uma pegada maior, mais complexa. Não vejo a união como uma solução para o caso”, analisa Guimarães.

Giba quer agendar para as próximas semanas reunião com representantes dos grupos para discutir o futuro de todos. Este ano, o orçamento da Pasta é de R$ 15,8 milhões e a saída para viabilizar maior verba é o incentivo para que os grupos locais busquem apoio em projetos federais, estaduais e junto a empresas privadas.




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