Economia Titulo Imóveis
Imóvel encarece 80%
em três anos na região

Porcentagem é bem maior que a inflação; a vinda
de moradores da Capital contribui para valorização

Leone Farias
do Diário do Grande ABC
11/03/2014 | 07:07
Compartilhar notícia
Claudinei Plaza/DGABC


A falta de terrenos na Capital paulista tem contribuído para a valorização imobiliária no Grande ABC. Segundo levantamento realizado pela construtora MZM, nos últimos três anos, o valor do metro quadrado dos imóveis novos da região encareceu, em média, de 70% a 80%. É bem mais que a inflação, que subiu 20% no período, de acordo com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Estudo feito pela FipeZap, iniciado em janeiro de 2012 para três cidades da região (Santo André, São Bernardo e São Caetano), também mostra alta expressiva, embora não tão intensa – entre 25,7% e 28,6% nos últimos dois anos, até janeiro. Neste caso, porém, a pesquisa inclui novos e usados anunciados no site Zap.

Segundo o responsável por novos negócios da MZM, Evandro Menezes, um dos fatores que colaboram para essa alta de preços é a procura de imóveis por moradores de São Paulo. Ele explica que, embora os imóveis da região tenham ficado mais caros, os da Capital custam pelo menos o dobro. E cita que um apartamento novo no bairro paulistano da Saúde sai por valor entre R$ 10 mil e R$ 14 mil o metro quadrado, em Moema gira em R$ 17 mil a R$ 18 mil o m² e, no Grande ABC está, em média, entre R$ 5.000 e R$ 6.000.

Menezes acrescenta que, um mesmo imóvel de alto padrão no bairro Jardim, em Santo André, que custa R$ 7.000 o m², na Saúde, sairá duas vezes mais caro. Isso torna atrativo não apenas para o comprador do imóvel, mas também para grandes incorporadoras, que nos últimos anos começaram a descobrir o mercado da região.

Entre as sete cidades, o executivo destaca que São Caetano lidera nos preços cobrados, com apartamentos novos, em média, a R$ 8.000 o m². Pelo índice da FipeZap, o valor dos imóveis anunciados (incluindo também os usados) no município está, na média, R$ 5.335 o m², enquanto na Capital custa R$ 7.230 o m².

Além do preço mais em conta, também ajudou a impulsionar a vinda de pessoas para o Grande ABC a melhoria da infraestrutura de serviços, por exemplo, com diversos shoppings inaugurados nos últimos anos; e do acesso mais facilitado, por causa das ligações de trem e de ônibus e da futura Linha 18-Bronze do Metrô, que vai ligar a Estação Tamanduateí até São Bernardo, passando por São Caetano e Santo André, assinala a diretora adjunta da regional do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de São Paulo), Rosana Carnevalli.

PERSPECTIVA - Para quem ainda quer comprar imóvel na região, Menezes avalia que os preços estão subindo menos neste ano, em patamar mais próximo da taxa inflacionária. “Há tendência de equilíbrio”, diz. A diretora adjunta do SindusCon afirma, por sua vez, que o ritmo mais lento do crescimento econômico neste ano influi. “Comprar imóvel não é como comprar pãozinho, as pessoas adiam se sentem que vão ficar desempregadas”, diz Rosana.
No entanto, no médio e longo prazos, ela considera que a tendência é de valorização das construções, por causa de mudanças nas leis de ocupação de solo dos municípios da região implementadas nos dois últimos anos, que trouxeram redução no índice de aproveitamento dos terrenos por parte das construtoras.

Em São Caetano, por exemplo, esse percentual caiu pela metade (de seis para três), e em uma área em que era possível fazer 20 andares, agora, nos novos projetos, só é possível fazer dez andares.


Região se tornou polo imobiliário

Levantamento passado com exclusividade para o Diário pela Lopes Inteligência de Mercado aponta que, nos últimos três anos, o Grande ABC se tornou importante polo para o mercado imobiliário, ao receber 164 novos empreendimentos, totalizando 21.713 apartamentos.

São Bernardo foi destaque em número de lançamentos, com mais 10 mil novas unidades distribuídas em 63 empreendimentos. A maior parte, 58% do total lançado, tem até 69% de área útil. Segundo o diretor de atendimento da Lopes, Belmiro Quintaes, a proximidade da Capital, com o fácil acesso pela Linha Verde do Metrô, potencializa a atração de interessados em morar em cidade mais tranquila e a poucos quilômetros do Litoral.

Em segundo lugar na região aparece Santo André, com 7.320 novos apartamentos, boa parte deles (61%) de até 69 m², distribuídos em 61 empreendimentos. Segundo Quintaes, a cidade apresenta ótima liquidez (facilidade de venda) e, consequentemente, boa oportunidade de investimento.

São Caetano recebeu 4.088 unidades, distribuídas em 40 novos empreendimentos. As de até 69 m² também são a maior parte (43% do total) nesses lançamentos.

PREFERÊNCIA - Outra pesquisa da Lopes mostra que Santo André hoje é a cidade mais buscada pelo comprador de imóvel da região, que procura (a maioria) apartamentos de R$ 200 mil a R$ 370 mil, com 57 m² a 85 m². E a maior demanda, apontada por 73% dos entrevistados, é por um dormitório.
 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;