Mais uma vez foi no sufoco, mas o Brasil aplicou 3 a 0 na Coréia do Sul, no Old Trafford, e após 24 anos chega novamente à final de Olimpíada. Vai enfrentar o México, que venceu o Japão, de virada, por 3 a 1. A final acontece sábado, às 11h, penúltimo dia dos Jogos de Londres.

Na última vez que chegou à final, em 1988, o Brasil, de Romário, foi eliminado pela União Soviética, por 2 a 1, na prorrogação. Em 1984, ficou com a prata ao perder para a França.

Que a equipe do técnico Mano Menezes teria dificuldades por conta da aplicação tática dos asiáticos não havia dúvidas. A pergunta era se desta vez a defesa seria furada ou não.

Passou no teste - o único jogo em que não levou gols foi nos 3 a 0 sobre a Nova Zelândia, na primeira fase -, mas foi por pouco. Novamente o ataque livrou a barra, quando passou a fazer justamente o que na teoria é tarefa dos defensores. Como o time estava acuado, passou a ajudar na marcação, com Leandro Damião e Neymar vindo roubar bolas no campo defensivo. O meia Oscar passou em branco na primeira etapa.

Embora a equipe não tenha tomado gols, para o confronto com os mexicanos Mano Menezes terá de rearrumá-la. O Brasil só não levou dois gols em sequência no início porque teve sorte e faltou um pouco de categoria as asiáticos.

Quando o time saiu de trás e Neymar participou mais do jogo, encontrou o caminho do gol. Rômulo abriu o placar aos 37 do primeiro tempo. Leandro Damião ampliou aos 11 e aos 19 minutos da etapa final.

Time demonstra alívio e já projeta final com mexicanos

A feição era de alívio após o término da partida. E os próprios jogadores admitiram que foi preciso paciência para fugir da pressão inicial e do sufoco dos sul-coreanos para encontrar o caminho do gol e seguir na rota do ouro, em Londres.

A convicção também é a de que o time precisa ser mais rápido nas saídas ao ataque. "No início ficamos muito atrás e saímos lentos, mas depois nos impusemos e na velocidade conseguimos superá-los. É assim que temos de atuar contra o México, jogar o que jogamos hoje (ontem)", disse o meia Oscar, que começou a partida meio apagado, mas no momento em que passou a ajudar na marcação e apareceu mais na frente nas tabelas com Neymar ajudou o Brasil a furar a retranca asiática e a encontrar o caminho do gol.

Com os dois marcados ontem, Leandro Damião virou o artilheiro da Olimpíada, com seis gols.

Partida da Seleção não movimenta ruas da região

Thiago Postigo Silva

A partida de ontem contra a Coréia do Sul pode entrar na história brasileira como a penúltima da campanha do primeiro ouro olímpico do futebol nacional. Mas parece que o povo da região não está muito preocupado com o fato tão importante ao esporte do País.

Da mesma forma que na maioria das outras modalidades olímpicas, ninguém parou nas ruas para acompanhar o jogo. Na movimentada Rua Oliveira Lima, no Centro de Santo André, os telespectadores eram momentâneos.

Quem assistia aos gols de Leandro Damião e Rômulo eram pessoas que simplesmente passavam por lojas com televisões - diga-se de passagem, que poucas estavam ligadas no confronto - ou que faziam a refeição em bares e restaurantes.

"Estou almoçando somente agora (por volta das 17h) e parei para assistir. Somente por isso. Mas hoje não dá mais motivação, porque a Seleção está deixando muito a desejar. Eles jogam só por dinheiro", justificou o consultor de vendas Mauri Marcelino, 56 anos, que almoçava sozinho no restaurante.

Já para o ajudante de pedreiro Manoel Domingos, 59, o trabalho impediu de assistir ao jogo. "Hoje (ontem) não deu, estava trabalhando. Mas acho que a decisão consigo ver", brincou Domingos, que parou em frente a uma loja para acompanhar os últimos minutos.