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No Dia do Aposentado, perdas nos benefícios chamam atenção

Trabalhadores continuam na ativa para manter
o seu padrão de vida sem depender do INSS

Andréa Ciaffone
Do Diário do Grande ABC
24/01/2014 | 07:30
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Celso Luiz/DGABC


Sair de casa para trabalhar é uma rotina que Antonio Diógenes Bochichio, 72 anos, de Santo André, cultiva há 60 anos ininterruptamente. “Comecei a trabalhar com 12 anos e nunca mais parei”, conta ele, que atuou em grandes empresas como General Motors e Alcan, onde oficialmente se aposentou em 1990, aos 49 anos.

“Quando me aposentei, ganhava 16 salários-mínimos. Hoje, o benefício não chega a três. Nem gosto de falar nisso, que fico chateado”, desabafa Bochichio, que hoje é dono de uma sapataria na cidade em que nasceu. “Se eu não tivesse continuado a trabalhar, não sei como seria a minha vida.”

Hoje é comemorado o Dia do Aposentado e os 91 anos da Previdência Social. No País, são mais de 17,5 milhões de aposentados. Só no Estado de São Paulo há 4 milhões, dos quais cerca de 260 mil estão no Grande ABC. Embora o próprio INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) afirme que “a economia de muitas cidades do País só sobrevive graças à renda mensal recebida por esses aposentados”, a realidade é que, na região, os contribuintes não têm ilusões sobre a possibilidade de parar de trabalhar e só viver do benefício.

Aos 64 anos, o mecânico andreense Mário Luiz Crusara não pensa em tirar as mãos da graxa. “Estou esperando os 65 anos para fazer o pedido e minimizar os impactos do fator previdenciário. Mesmo assim, o benefício vai ser pequeno. Eu sei que vou ter de continuar a trabalhar para manter o meu padrão de vida.”

O diretor da Associação dos Aposentados e Pensionistas do Grande ABC, Luiz Antonio Rodrigues, estima que pelo menos metade dos aposentados da região não pode parar de trabalhar. “Os custos são altos. Remédios e convênio médico tomam 70% do benefício. Por isso, depois de uma vida trabalhando e contribuindo com o INSS, a pessoa não pode se dar ao luxo de descansar.”

Alguns nem querem. “Vou morrer trabalhando. Como meu pai, que morreu trabalhando”, diz Crusara. “Não me vejo num bar tomando cerveja e jogando dominó. Não entendo o pessoal que se aposenta com 50 e poucos anos, no auge da produtividade e que prefere ficar à toa.” A maioria dos trabalhadores ‘pendura as chuteiras’ quando completa 30 anos (mulher) ou 35 anos (homem) de contribuição. Em média, com 54 anos de idade. A estimativa de vida do brasileiro, no entanto, é de 74,6 anos. O que faz com que, para manter o padrão de vida, seja preciso seguir trabalhando.
 




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