Na avaliação de Camargo, o Banco Central não fez nenhuma menção contundente de que a inflação preocupa bastante, o que sinaliza que a magnitude da alta de juros será reduzida na reunião que será encerrada no dia 26 de fevereiro. Para o acadêmico, a ata de janeiro não avança muito sobre a principal manifestação realizada pela instituição relativa à evolução recente do IPCA, feita pelo presidente do BC, Alexandre Tombini, no dia 10 de janeiro, quando foi divulgado o IPCA de dezembro, que subiu 0,92%. "A inflação ao consumidor medida pelo IPCA encerrou 2013 em 5,9% (5,91%), mostrando resistência ligeiramente acima daquela que se antecipava", dizia o comunicado.
No parágrafo 26 do documento divulgado nesta terça-feira, 23, foi agregada a ideia principal daquela frase de Tombini, o que o tornou levemente diferente do trecho homólogo da ata da reunião do novembro, o parágrafo 25. "O Copom pondera que a elevada variação dos índices de preços ao consumidor nos últimos doze meses contribui para que a inflação ainda mostre resistência, que, a propósito, tem se mostrado ligeiramente acima daquela que se antecipava", relata a frase adaptada na ata publicada nesta manhã.
Por outro lado, José Márcio Camargo notou uma novidade por parte do BC: expressar que o nível de atividade está fraco, o que deverá reduzir no médio prazo a força de eventuais pressões de alta sobre a inflação. Ele destaca que este conceito foi mostrado no parágrafo 21. "O Copom pondera que o cenário central contempla ritmo de expansão da atividade doméstica relativamente estável este ano, em comparação a 2013, e que informações recentes indicam, no horizonte relevante para a política monetária, mudanças na composição da demanda e da oferta agregada." E no mesmo trecho a avaliação é complementada: "Para o Comitê, entretanto, delineia-se ambiente em que o consumo tenderia a continuar em crescimento, porém, em ritmo mais moderado do que o observado em anos recentes; e os investimentos ganhariam impulso."
Segundo Camargo, o BC expôs que diminuiu sua apreensão relativa à influência do mercado de trabalho apertado para elevar a inflação. Ele citou um trecho, também no parágrafo 22, no qual o Banco Central destaca que alguns fatores, inclusive "avanços em termos de qualificação da mão de obra, traduzir-se-ão numa alocação mais eficiente dos fatores de produção da economia e em ganhos de produtividade." Para o acadêmico, a redução do vigor do nível de atividade é um dos principais elementos ressaltados pelo ata do Copom para indicar que o segundo ciclo de alta de juros do governo Dilma Rousseff será encerrado em fevereiro.
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