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Aviso aos governantes

O governador paulista Geraldo Alckmin disse que faltou água nos municípios à beira-mar devido “ao aumento inesperado do consumo na região”

Carlos Brickmann
08/01/2014 | 07:20
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O governador paulista Geraldo Alckmin disse que faltou água nos municípios à beira-mar devido “ao aumento inesperado do consumo na região”. Alguém precisaria informar ao governador que: 1 – todos os anos, nesta época, é verão, e costuma fazer calor; 2 – quando há feriados, o que costuma acontecer sempre na época de Natal e Ano-Novo, muitos turistas visitam as cidades litorâneas; 3 – aumenta a população, aumenta o consumo de água, veja só! E, como está calor, as pessoas bebem mais água e tomam banhos mais longos, para refrescar-se. Tudo bem, são informações de cocheira, sigilosas, mas bem que ele poderia recebê-las.

A governadora maranhense Roseana Sarney começou negando que houvesse qualquer problema na Penitenciária de Pedrinhas. Roseana, pessoa de prestígio, pertencente a uma família de prestígio, não mente: se errou é porque não sabia.

Alguém precisaria contar a ela que: 1 – a capital de seu Estado, o Maranhão, é São Luís; 2 – em São Luís existe um presídio em que várias rebeliões, ocorridas durante seu governo, destruíram portas, derrubaram as paredes entre as celas; 3 – que os presos assumiram o controle da prisão e lá implantaram a pena de morte com tortura para punir os integrantes de facções criminosas inimigas. Tudo bem, como é que Roseana, preocupada com a reeleição, poderia saber dessas coisas?

Alguém precisaria contar ao prefeito paulistano Fernando Haddad que os ônibus funcionam todos os dias. Não é só quando há repórteres fotografando, como quando entrou num busão pela primeira e única vez. Será que não gostou?

Os desinformados – 1
O governador fluminense Sérgio Cabral é surpreendido todos os anos por dois fenômenos: o verão (de novo? Já não teve no ano passado?) e as chuvas (de novo? Na época das férias em Paris?) Na hora em que ele prepara a recuperação das áreas serranas destruídas, onde moradias desabaram e muita gente morreu, as chuvas param. Cabral imagina, portanto, que o problema, ufa!, acabou. E não é que, no fim do ano, recomeça o tal do verão e as chuvas voltam a destruir as áreas de risco? Alguém precisaria contar-lhe que o verão se repete todos os anos, há milhares de anos. E que encosta desprotegida é um péssimo lugar para morar.

Os desinformados – 2
O Ministério Público Federal estuda um pedido de intervenção federal nos presídios maranhenses. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ofereceu ao Maranhão 25 vagas em presídios federais. Alguém precisaria contar-lhes que: 1 – Os presídios maranhenses são péssimos, mas no resto do País também são ruins; 2 – o presídio de Pedrinhas tinha sido destruído há muito tempo por presos rebelados e ninguém tomou qualquer providência; 3 – o crime organizado comanda a cadeia; 4 – 25 vagas é melhor do que nada, mas estão longe de resolver a superlotação, que envolve vários milhares de presidiários; 5 – que o governo federal já prometeu ajudar o Maranhão a melhorar os presídios, mas esqueceu tudo.

Os caloteiros
Como? Em 2011, o governo maranhense assinou convênio com o Depen, do Ministério da Justiça (já ocupado pelo mesmo José Eduardo Cardozo que acha o sistema penitenciário “medieval”, mas se limita a reclamar). Pelo convênio, a União repassaria R$ 20 milhões para o Maranhão construir dois presídios – ainda pouco, mas um passo para aliviar a superlotação. O Maranhão cumpriu então as exigências para receber o dinheiro. Cumpridas as exigências, o governo federal resolveu esquecer o assunto. É mais barato reclamar do que resolver o problema.

Os grosseiros
A história é divulgada por um excelente jornalista, Mauro Mug, cujo filho é um dos protagonistas. Aconteceu em Osasco, São Paulo. Uma senhora de idade empurrava, numa cadeira de rodas, outra senhora de idade. Tentavam, sem êxito, atravessar na faixa de pedestres. Nenhum motorista lhes deu passagem. O rapaz, filho do Mug, que passava de moto, parou para ajudá-las. Passou então, sem lhes dar atenção, carro da PM. O rapaz gritou: “Nem o carro da polícia parou!”

Aí o carro da PM parou. Os soldados voltaram, grosseiros: “Qual é o problema?” O rapaz explicou: “Nem a polícia parou para ajudar as velhinhas”. Reação dos PMs: “Mãos para cima!” Revistaram o rapaz. Como nada encontraram, dispensaram-no e foram embora. Naturalmente, sem ajudar as velhinhas.
 




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