Economia Titulo Crédito
Bancos esperam estabilidade nas aprovações

Pesquisa aponta que instituições seguem com restrição
e preveem alta na demanda

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
29/10/2013 | 07:29
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Arquivo/DGABC


A previsão dos bancos é de que não haverá alteração no percentual de aprovação de crédito para os consumidores. Portanto, os interessados em pegar dinheiro emprestado e que já tiveram uma negativa das instituições financeiras podem enfrentrar novas barreiras até o fim do ano.

Esta é a visão que pelo menos 80% do mercado financeiro apresenta para o último trimestre sobre a aprovação de novas linhas de crédito. O resultado faz parte dos indicadores de aprovação de crédito da Pesquisa Trimestral de Condições de Crédito, do BC (Banco Central).

Na prática, as instituições indicam que os clientes com melhor relacionamento, que têm investimentos no banco, salário depositado direto da empresa, histórico de adimplência e anos como cliente, são aqueles com maior chance de adquirir novas linhas de crédito.

O indicador apresenta uma interpretação, ponderada estatisticamente, dos bancos sobre o percentual de aprovações de novas linhas de crédito para o último trimestre. Isso é feito em relação às expectativas dos pedidos de empréstimos às instituições.

E o resultado se dá mesmo com o indicador referente à demanda de crédito sinalizando um aumento na procura das famílias por dinheiro.

Nessa análise, os bancos levaram em consideração alguns fatores que influenciam a busca por empréstimos, como o nível e as condições de emprego, o comprometimento da renda e a confiança do consumidor, as taxas de juros e a concorrência das instituições.

RESULTADOS - Entre julho, agosto e setembro, as empresas constataram que não houve alteração no percentual de aprovações, tendo em vista que esperavam uma leve tendência de que a restrição fosse um pouco mais amena.

No entanto, conforme o indicador, os bancos apontam que, em média, eles esperam para este mês, novembro e dezembro, que o percentual de aprovações de novas linhas de crédito sobre os pedidos seja moderadamente inferior ao registrado no período imediatamente anterior.

Numericamente, os bancos apresentam suas opiniões com pontuação entre -2 e 2. Isso tendo em vista que o menor resultado é o mesmo que a expectativa de aprovações de novas linhas classificadas como consideravelmente inferior, seguida por moderadamente inferior, basicamente inalterada e moderadamente superior. O resultado mais alto significa consideravelmente superior.

Para o terceiro trimestre, o indicador apontou 0,6 ponto percentual. Em relação aos últimos três anos, caiu para -0,6.

“Acredito que o cenário (econômico) internacional é de incertezas. Isso faz com que os agentes assumam uma postura mais conservadora”, observa o professor de Finanças Mário Amigo, que ministra aulas na Saint Paul Escola de Negócios, Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras), Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) e FIA (Fundação Instituto de Administração).

O acadêmico explica que, como forma de proteção contra o risco, os bancos diminuem as concessões naturalmente quando a economia internacional desperta dúvidas a respeito de bons resultados. Diz ainda que a tendência de recuo na inadimplência das famílias não está exercendo tanto peso na avaliação de aprovação.

Segundo dados do BC, a taxa média de inadimplência dos consumidores no Sistema Financeiro Nacional, em agosto, era de 7,06%. Este é o menor patamar registrado desde julho de 2011, quando estava em 6,89%.

Conforme análise do professor do curso de Ciências Econômicas da Universidade Metodista de São Paulo David Dantas, as famílias aprenderam a controlar as finanças pelo lado mais difícil, que foi pelo aumento do endividamento após o crescimento acelerado da oferta de crédito no País após a crise financeira de 2008.

Para se ter noção do quanto as pessoas estão devendo, segundo o BC, em setembro de 2008, quando o banco Lehman Brothers quebrou e desencadeou a crise, os brasileiros tinham, em média, 32,2% da renda comprometidos com dívidas. No sétimo mês de 2013, o percentual saltou para 45,1%, maior patamar histórico. “E na prática, as famílias estão reorganizando os orçamentos, as suas finanças. Isso fez com que a inadimplência tivesse uma redução. Sem contar que ainda não há boa expectativa (para a economia).”
 




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