ONG instalada em Diadema atua com pessoas em situação de vulnerabilidade
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O que nasceu com o propósito de trabalhar junto a meninos de rua na área central de São Paulo tornou-se projeto capaz de modificar o cenário de uma comunidade carente, na região Sul de Diadema. Criada há 20 anos, a ACER (Associação de Apoio à Criança em Risco) atende cerca de 4.000 crianças e adolescentes e 1.000 adultos dos bairros Eldorado e Jardim Inamar, em diversas áreas de atuação.
Secretário-geral da ONG, Jonathan Hannay lembra que um dos pontos a serem observados é a redução dos índices criminais na cidade. “Estamos muito integrados ao tecido da comunidade e trabalhamos para corresponder às suas necessidades”, observa.
Nas áreas de Educação e Cultura e Esportes, a Acer desenvolve projetos como os cursos livres de balé, violão, teatro, artesanato, programa de leitura para crianças nas escolas municipais, aulas de capoeira e oficinas de futebol e boxe. A ONG recebe cerca de 200 estudantes, há dois anos, no contraturno escolar pelo programa federal Mais Educação. A entidade oferece biblioteca comunitária com acervo de 10 mil livros – disponíveis para empréstimos.
Cerca de 200 núcleos familiares e mais de 900 integrantes são atendidos em projetos sociais pela erradicação do trabalho infantil, de auxílio às crianças vítimas de violência, além do Programa Família Guardiã, que promove a reinserção de crianças que estão em abrigos na sua família extendida, como é o caso de avós, irmãos e tios.
A comunidade conta ainda com benefícios na área do desenvolvimento econômico comunitário sustentável por meio de parceria com o Banco do Povo Crédito Solidário.
Entre os diferenciais da ONG está o uso do espaço comunitário. As atividades são desenvolvidas em áreas externas, como quadras esportivas e centros comunitários. “Trabalhamos muito com a autonomia, claro que apropriada a cada idade”, comenta Hannay. Segundo ele, a principal dificuldade é o trabalho para captação de recursos para manutenção dos projetos.
Projeto que incentiva leitura nas escolas será retomado
Tido como um dos mais importantes trabalhos mantidos pela ONG, o projeto Histórias Transformando o Futuro – Incentivo à leitura nas escolas públicas será retomado no próximo ano. A ação ficou interrompida por cerca de seis meses devido à falta de recursos para sua manutenção.
A ação, tem o propósito de levar atividades como mediação de leitura, contação de histórias e apresentações de teatro de bonecos a cerca de 3.500 crianças de cinco escolas municipais da cidade. As atividades são realizadas por 20 estagiários, com idade entre 15 a 17 anos. “A gente escolhe o livro de acordo com a faixa etária das crianças que participarão e tenta interpretar de uma forma que fique mais interessante”, observa um dos monitores, Gilmar Filho, 16 anos.
Além de beneficiar os pequenos leitores, com o estímulo pelos livros, a tarefa traz benefícios também aos monitores, explica o estudante do 2º ano do Ensino Médio. “Quando entrei no projeto, há um ano e quatro meses, era muito tímido e tinha dificuldade de me expressar. Isso melhorou muito”, confessa.
Morador do bairro Eldorado há seis anos, Gilmar destaca a importância da ONG na vida da comunidade. “Nos sentimos mais seguros, já que podemos vir para cá ao invés de ficar na rua”, comenta.
Jovem ajuda a sustentar cinco irmãos através do projeto
O sonho da estudante Thais Oliveira Paiva, 17 anos, é ter um bom emprego, casar e formar uma família diferente da dela. A projeção de futuro criada pela moradora do bairro Eldorado, atendida pela Acer desde a infância, leva em conta a vontade de mudar a realidade vivida.
Com o trabalho de monitora esportiva da ONG por quatro horas diárias e salário de R$ 350 mensais, a jovem ajuda a irmã mais velha a sustentar a casa, onde mora com mais quatro irmãos. “Minha mãe foi morar com outro homem e a referência de pai que tenho é meu ex-padrasto, que é alcoólatra”, destaca Thais.
A jovem conheceu a ONG aos 4 anos de idade, quando entrou para os grupos de percussão e pintura. A família foi beneficiada com o recebimento de cesta básica por longo período.
A menina de jeito delicado e sorriso fácil nos lábios lembra que chegou a ser rebelde. Em uma fase da adolescência, ela ficou afastada da Acer. “Era muito bagunceira na escola e fui expulsa. Parei de estudar por dois anos e agora estou fazendo supletivo”, conta a jovem que já teve planos de ser jogadora de futebol.
Para ela, as atividades proporcionadas pela Acer são responsáveis pela mudança de cenário na comunidade em que está inserida. “Conseguimos ocupar espaços que antes eram dominados pelo tráfico, como as quadras esportivas, por exemplo”, observa.
Tendo como exemplo uma família desestruturada, Thais acredita ter amadurecido muito cedo. Apesar da pouca idade, já tem planos de subir ao altar ao lado do namorado, que tem apenas 16 anos. “Quero ser diferente dos meus irmãos, que estão perdidos, e ser uma boa mãe”, diz.
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