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JP Bechara tem menor preço, mas Alfa Real deve vencer

Suposta privilegiada em cartel na licitação da Sama não contava com benefício legal da concorrente

Cynthia Tavares
Do Diário do Grande ABC
18/09/2013 | 07:18
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Nario Barbosa/DGABC


A JP Bechara Terraplenagem e Pavimentação apresentou a proposta com menor valor na licitação da Sama (Saneamento Básico de Mauá), alvo de suposto cartel. A empresa ofereceu R$ 2,8 milhões para locação de maquinários e equipamentos no período de um ano. Porém, o contrato deve ficar com Alfa Real Construtora, amparada pela legislação de incentivo para pequenas e microempresas em concorrências públicas. Os envelopes foram abertos ontem.

A construtora ofertou R$ 3 milhões pelos aluguéis previstos no edital, mas pode tirar 10% de desconto no preço baseado no artigo 44 da lei complementar 123/06. Com o benefício, a oferta da construtora fica em R$ 2,7 milhões, abaixo do montante da menor proposta. Neste caso, a empresa precisa assinar documento atestando a capacidade de prestar o serviço pelo valor mais baixo.

O dono da Alfa Real, Roberto Amaro de Lima, garantiu que a empresa prestará o serviço normalmente, apesar da redução monetária, arcada pela empreiteira. “Vamos cobrir o preço da JP Bechara. Essa empresa estava prestando serviço por R$ 3,6 milhões e agora vem com essa proposta de R$ 2,8 milhões. Ela presta serviços para Sama há 16 anos e nunca apresentou esse valor. Ficou estranho”, criticou o empresário. Representantes da JP não quiseram comentar o assunto.

A suposta formação de cartel publicada pelo Diário indicava que a JP Bechara ganharia o certame, após combinação de preços entre a instituição e outras três empresas: PCS Construção e Saneamento, Unyduy Comercial Locações e Schunck Terraplenagem e Transportes. A vitória seria concretizada, caso a Alfa Real não exigisse o benefício previsto na lei.

O trio de construtoras apresentou números bem superiores aos R$ 2,8 milhões. Entre as integrantes do suposto conluio, a Unyduy ofertou a proposta mais alta: R$ 4,4 milhões. Em seguida veio a PCS, com cobrança na ordem de R$ 4,2 milhões, e a Schunck, por R$ 3,9 milhões. A Isamix Trading Ltda protocolou o preço de R$ 4,5 milhões.

Para o superintendente da Sama, Atila Jacomussi (PCdoB), os valores divulgados mostram que não houve formação de conchavo. “Ficou provada a lisura do processo e que não houve prática de cartel, porque o preço é R$ 2 milhões abaixo do previsto (o edital foi lançado com estimativa de R$ 4,7 milhões anuais). O cartel trata justamente do valor mais alto em benefício de uma empresa”, alegou.

O comunista reiterou que a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) enviou representante para acompanhar a abertura dos envelopes. O MP (Ministério Público) foi convidado, mas não compareceu.

O diretor financeiro e administrativo da Sama, José Viana Leite, afirmou que os documentos protocolados junto com as ofertas serão analisados e somente depois disso será oficializada a vencedora. “Hoje (ontem) estamos apenas abrindo os envelopes. Agora vamos analisar a documentação para ver se todos os itens pedidos no edital estão na proposta”, ressaltou.
 




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