Economia Titulo Indústria
Segmentação é aposta
no mundo do e-commerce

Para especialista, essa é uma tendência natural
em mercado que está se consolidando no País

Leone Farias
do Diário do Grande ABC
16/09/2013 | 07:06
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Marina Brandão/DGABC


O vasto mundo da internet aproxima pessoas e facilita a comunicação e, por isso, é campo propício para o comércio eletrônico, segundo especialistas. E se nas lojas físicas a diferenciação, muitas vezes, é fator de sucesso, também tem sido tendência crescente o surgimento de empresas de e-commmerce segmentado, que focam em nichos específicos como vendas de tênis, camisetas, pijamas, tecidos, óculos, gravatas, etc.

A busca por novos espaços é algo natural em um mercado que vem se consolidando, avalia o professor de MBA de Varejo da FIA (Fundação Instituto de Administração) Eduardo Terra. Ele cita que não há números sobre sites segmentados, mas ele prevê que haverá cada vez mais empresas desse tipo nos próximos anos. E acrescenta que, de forma geral, o mercado tem muito a expandir. As lojas virtuais, neste ano, devem crescer 25% ante 2012 e chegar a R$ 28 bilhões de faturamento no Brasil, de acordo com a E-bit, mas representam apenas 3% do varejo total. Nos Estados Unidos, são 10%. Ainda na avaliação do especialista, a internet facilita a segmentação, porque o foco em um ramo permite ampliar o sortimento para atendimento aos clientes e as vendas on-line atingem o Brasil inteiro.

NA REGIÃO - O Grande ABC não fica de fora dessa tendência. Um exemplo é a Timolico, fundada em 2012 em São Bernardo e que se dedica à venda de pijamas e moletons customizados. A fundadora, Fabiany Lima, que é mãe de gêmeas, conta que se interessou em escolher tecidos e mesclar cores para criar roupas para as filhas. Com a ajuda de uma costureira, confecionou os primeiros modelos. As peças atraíram a atenção de amigos e ela percebeu que havia uma oportunidade de mercado.

Fabiany, que já atuava há dois anos no universo das <CF51>startups</CF> (novas empresas com projetos inovadores ligados à internet) e tinha experiência em gestão empresarial, montou plataforma para que os consumidores escolham a estampa dos pijamas, dentro de opções oferecidas no site. Recebeu rapidamente apoio do programa Aceleratech, da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), que oferece suporte (em troca de 10% a 15% de participação na empresa) para a elaboração do modelo de negócios, entre outras ferramentas para se estruturar melhor.

A empresária não abre números, mas diz que 70% dos clientes que fecham a primeira compra voltam a fazer negócios no site. “Temos a preocupação com a seleção de materiais e com os fornecedores”, diz. A experiência tem sido bem sucedida e já rende frutos. Recentemente, ela lançou plataforma mobile (para tablets) em que representante de fábrica leva a coleção de produtos virtualmente para apresentar a lojistas físicos. “A ideia foi automatizar o processo de venda”, cita. Esse segundo projeto, chamado Timebox, recebeu apoio (R$ 200 mil) do programa Startup Brasil, do governo federal, e está prestes a entrar em operação</CW><CW-30>.

Sites atraem apaixonados por produtos específicos

Os sites de e-commerce segmentados servem não só para compras por clientes eventuais, mas também recebe a atenção de apaixonados por determinados produtos. A Panólatras, site de São Bernardo, que produz e comercializa tecidos com estampas, parece atrair ambos os tipos de consumidores. Fundada em 2012, a empresa oferece a possibilidade de o cliente fazer pedidos independente da quantidade. “A gente pode fazer metros ou unidade de 50 centímetros por 70 centímetros”, diz Thiago Mendonça, responsável pela programação e marido da sócia Lígia Belarmino.

A plataforma abre espaço para designers enviarem desenhos e ganharem comissões, quando há a comercialização de tecidos com a imagem desses profissionais, mas quem quiser pode mandar imagem para ser impressa sem que fique disponível para outros verem. “Já teve gente que quis imprimir convite de casamento em tecido”, afirma Mendonça. Mais de 20 mil pessoas já usaram peças customizadas da empresa para fazer artesanato, decoração, moda etc. São em média 150 metros lineares de vendas mensalmente. E há dois meses, a empresa investiu em máquina impressora, avaliada em R$ 100 mil. “Antes éramos revenda, usávamos serviço de terceiros. Agora temos produção 100% nossa”, assinala. Isso deverá melhorar a rentabilidade do negócio e facilitar seu crescimento. Porém, o êxito da empresa já fez com que Lígia fosse selecionada em programa gratuito de empreendedorismo, chamado 10 Mil Mulheres, ministrado pela FGV e pela IE Business School e patrocionado pelo Banco Goldman Sachs.

Conhecimento de gestão é vital para ter loja on-line bem sucedida
Sites de e-commerce são fadados ao êxito? Para o professor de MBA da FIA Eduardo Terra, empresários que optam pelas vendas virtuais podem fracassar, mas isso ocorre muito mais por falta de conhecimento de gestão do que por falta de mercado.

Dessa forma, ideias simples, como a que resultou na Prefilorer, de Santo André, criada pelo empreendedor Carlos Eduardo Bastida, podem dar certo. “Sou apreciador de biografias e resolvi montar empresa com base nesse gosto pessoal. Pesquisei se havia site especializado, para não fazer o que todo mundo fazia”, diz.

Bastida se formalizou como empreendedor individual em julho e já tem quase 500 títulos cadastrados, mas ainda está bem no início das operações. “Estou indo aos poucos, fazendo contatos com fornecedores. Trabalhei por vários anos na área comercial e fui comprador, o que ajuda”, avalia.

DESAFIOS - Para Terra, o mercado de e-commerce brasileiro enfrenta alguns desafios, entre os quais a tentação de oferecer frete grátis para agradar o consumidor. “Cerca de 54% das vendas são com frete grátis. É caro entregar”, afirma. Segundo ele, isso achata as margens de lucro das empresas do ramo. Outro problema é o parcelamento de preços agressivo, também para disputar clientes.
 




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