Economia Titulo Despesas
Automóveis superam
alimentação em gastos

Consumidor na região terá mais despesas com
carros do que com produtos alimentícios

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
08/09/2013 | 07:47
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DGABC


Os moradores do Grande ABC vão gastar neste ano mais com veículo e sua manutenção do que com alimentação dentro de casa.

O potencial de consumo da região com aquisição de automóveis, manutenção, taxas, seguro e combustível, em 2013, é de R$ 5,07 bilhões, 6,5% superior a 2012. No mesmo período, as famílias vão desembolsar R$ 4,05 bilhões com comida dentro dos domicílios, 13,13% a mais do que no ano passado.

Dois fatores básicos explicam essa maior fatia de despesas com carros. A grande oferta de crédito no País, que facilita o acesso a financiamentos, e o maior valor agregado que esse bem e sua manutenção possuem em relação aos alimentos.

Segundo pesquisa exclusiva ao Diário do Ibope Inteligência, o potencial de consumo total do Grande ABC, neste ano, é de R$ 27,09 bilhões. Os gastos com veículos representarão 19% deste montante, enquanto com alimentação dentro da residência, 15%.

O motoboy e morador de Diadema Julio Matias da Silva, 29 anos, conhece bem essa distribuição do comprometimento da renda. Atualmente, seu gasto com alimentação é bem menor do que o custo para manter seus veículos. Ele possui financiamentos de uma moto e de um carro. Juntos, representam R$ 1.000 por mês.

“Isso levando em consideração que eu uso a moto para trabalhar e o carro fica no estacionamento. Com certeza eu gasto muito mais com os veículos”, explica Silva.

No entanto, ele argumentou que a posse desses bens é muito importante. “A moto é de onde eu tiro dinheiro. E o carro, em dias chuvosos, é a salvação. E não vou andar de transporte público, ainda mais na chuva. É um conforto ter um carro para essas horas”, destaca Silva.

O funcionário público andreense Josenildo Bezerra Santos, 53, também assume gastar bem mais com veículos em relação às despesas com alimentação dentro da residência. “É o financiamento, o seguro, o combustível. O custo é bem mais alto”, diz.

MOTIVOS

Na avaliação do coordenador do Inpes/USCS (Instituto de Pesquisas da Universidade Municipal de São Caetano), Leandro Prearo, o valor gasto com automotores, em relação aos alimentos para os domicílios, não reflete a realidade da maioria das famílias. “É mais um resultado das despesas dos moradores das classes (de consumo) A e B, que normalmente trocam de carro todo ano e as parcelas são altas.”

Conforme a Pesquisa Socioeconômica do Inpes/USCS, 10,7% da população do Grande ABC adquiriu um veículo nos seis meses anteriores a fevereiro. E 8,1% tinham a intenção de comprar um entre o segundo mês deste ano e agosto.

A pesquisa é baseada em coleta de entrevistas de parcela da população e são aplicados cálculos estatísticos para mostrar um retrato do Grande ABC. Em fevereiro, 65% das famílias já possuíam um veículo.

O professor do curso de Ciências Econômicas da Universidade Metodista de São Paulo David Dantas acrescentou que o maior volume de gastos com veículos, sobre as despesas com comida dentro de casa, é explicado também pelo maior valor agregado do bem e da sua cadeia.

“Naturalmente, o custo de produção de um veículo é muito mais amplo, com salários maiores, do que no setor de alimentação”, pontua Dantas. A análise do acadêmico considera também o mercado de seguros e peças para manutenção, por exemplo.

MAIORES GRUPOS

Segundo o Ibope, o potencial de consumo da região com alimentação fora do domicílio é de R$ 2,51 bilhões, com vestuário, R$ 2,21 bilhões e com materiais de construção, R$ 1,97 bilhão.




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