Economia Titulo Indústria automotiva
Deficit comercial de
autopeças se intensifica

Saldo do setor no ano até julho, com perdas de
US$ 5,6 bi, encosta no resultado de 2012 inteiro

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
05/09/2013 | 07:04
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Orlando Filho/DGABC


As importações de autopeças, no período de janeiro a julho, foram US$ 5,6 bilhões maiores que o valor obtido com as exportações desses itens produzidos no Brasil. Esse deficit comercial (ou seja, a diferença entre o que é comprado do Exterior e o que é vendido a outros países) praticamente se iguala ao saldo negativo do setor em todo o ano passado (US$ 5,8 bilhões). E a perspectiva do Sindipeças (Sindicato Nacional das Indústrias de Componentes Automotores) é de que esse deficit se amplie e chegue a US$ 9 bilhões no fechamento de 2013, o que seria uma marca recorde. No acumulado dos últimos 12 meses, já está em US$ 8 bilhões.

Os números, segundo representantes do segmento, mostram que as montadoras não vêm reduzindo as aquisições de peças de outros países ao longo deste ano; pelo contrário, estão acelerando a participação dos componentes importados nos carros. Isso, apesar do programa Inovar-Auto, que foi criado há um ano pelo governo federal para favorecer com incentivo tributário a produção de veículos com conteúdo local (ou seja, com itens fabricados no País).

Para Mario Milani, que é conselheiro do Sindipeças e tem fábrica em São Bernardo, isso ocorre porque o governo está postergando a regulamentação da rastreabilidade – isto é, de como será a medição e o controle do que é peça local ou importada. “Deixaram para janeiro de 2014, não tivemos nenhum benefício; as montadoras não respeitam o índice de nacionalização porque não existe controle”, afirmou.

Além desse problema, também não há a definição de quanto dos recursos que as fabricantes de veículos têm de investir em inovação e tecnologia será aplicado na cadeia de fornecedores, afirma o vice-presidente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Fausto Cestari, que tem fábrica em Mauá. O programa estabelece, de forma geral, a aplicação de 0,5% até 1% da receita operacional bruta em engenharia, tecnologia industrial básica e capacitação dos fornecedores.

INOVAR-AUTOPEÇAS

O governo federal também se prepara para lançar, até o fim do mês, o Inovar-Autopeças, específico para melhorar a competitividade do setor no País. No entanto, pelas informações obtidas por representantes do segmento, não traz nada de novo. Uma das medidas que devem constar nesse pacote seriam condições facilitadas de acesso à linha de crédito do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social).

“É uma falácia; para ter financiamento do BNDES a premissa básica é ter a CND (Certidão Negativa de Débitos), que mostra que a empresa está em dia com os impostos federais, mas a grande maioria das micro e pequenas empresas (do ramo) tem algum tipo de pendência tributária”, afirmou Cestari.

Ele acrescenta que isso ocorre porque as indústrias de autopeças têm margens de lucro muito pequenas, em meio à forte concorrência com os importados, e passaram por duas crises nos últimos cinco anos. “Isso não deixou outra alternativa para muitas delas se não deixar de pagar alguém”, disse.

CÂMBIO

Segundo o dirigente do Ciesp, a desvalorização do real ajuda os fabricantes nacionais a ganhar competitividade, mas ainda há dúvidas de por quanto tempo o dólar vai se manter nesse patamar atual (na casa dos R$ 2,35). “E o custo Brasil permanece”, observou, referindo-se a desvantagens como custos de energia, burocracia, altos impostos e deficiências de infraestrutura. 




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