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Atila admite cancelar
licitação suspeita na Sama

Superintendente pede relatório para avaliar edital de
Mauá que pode ter sido alvo de formação de cartel

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
22/08/2013 | 07:34
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Marina Brandão/DGABC


O superintendente da Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá), Atila Jacomussi (PCdoB), admitiu cancelar hoje a concorrência nº 02/2013, que tem suspeita de formação de cartel, conforme o Diário noticiou ontem. Acusado de orquestrar o conluio, o empresário Beto Peralta negou agir para influenciar a licitação (leia mais ao lado).

Atila afirmou que solicitou relatório da audiência de sexta-feira ao seu diretor administrativo e financeiro, José Viana Leite, que presidiu os trabalhos da semana passada. “Se ficarem constatadas irregularidades, vou cancelar”, garantiu. A decisão será tomada hoje, às 17h, quando o comunista receber o parecer do subordinado e ouvir representantes das empresas envolvidas.

A licitação serve para locação de maquinários e equipamentos para a autarquia de Mauá. Está avaliada em R$ 4,7 milhões por 12 meses de prestação de serviços, que pode ser prorrogada por cinco anos, o que elevaria o gasto público para R$ 23,5 milhões.

O empresário Renato Ferreira da Silva, conhecido como Renato Camargo, proprietário da Antunes Camargo Empreiteira e Construção, denunciou que pessoas que não concorriam no certame estavam presentes à audiência de sexta-feira, inclusive conversando com representantes de empresas que recuaram de suas propostas minutos antes do recolhimento dos envelopes.

A suspeita é de combinação de preços para que a JP Bechara Terraplenagem e Pavimentação mantivesse o contrato que possui há quase duas décadas junto à Sama.
Segundo Atila, o processo licitatório ainda está em fase de avaliação na Comissão de Licitações, chefiada por Viana Leite, e que por isso não tem interferência no certame. “Há certa autonomia, depois ele (Viana Leite) se reporta a mim. Não vou prejulgar o que ocorreu.”

O comunista afirmou não estar presente na etapa de sexta-feira, mas demonstrou conhecer detalhes da conturbada reunião, contando que Renato Camargo teria retirado a proposta assim que representantes da Sama exigiram da Antunes Camargo certidões para habilitá-la na disputa. “Assim que pediram o comprovante do capital social (da empreiteira) ele (Camargo) saiu correndo com o envelope na mão. Isso me causou estranheza.”

Atila disse que, se o relatório apontar pela continuidade da licitação, irá convocar o Ministério Público e a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) para acompanharem o andamento do edital.

Viana Leite não retornou aos contatos da equipe do Diário. Na segunda-feira, ele não descartou a existência de cartel, justificando ser quase impossível detectar se as empresas combinam preço sem anuência da Sama.

Beto Peralta diz ter acompanhado certame, porém nega interferência

Principal suspeito de agir a favor da JP Bechara Terraplenagem e Pavimentação na licitação nº 02/2013 da Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá), o empresário Beto Peralta negou movimentação que indicaria formação de cartel no edital da autarquia.
Beto Peralta admitiu estar na audiência do certame de sexta-feira para “tratar de outros assuntos”. “Não tenho qualquer interesse no resultado da licitação em questão”, justificou, por nota.

O empresário afirmou que não conversou com Renato Ferreira da Silva, o Renato Camargo, dono da Antunes Camargo Empreiteira e Construção, autor da denúncia contra o processo licitatório para locação de máquinas e equipamentos para a Sama.

Ao Diário, Camargo disse que Beto Peralta era uma das pessoas sem envolvimento no edital que “estavam dando muito palpite”. Ele negou que tenha conversado com o empresário.

Denúncia resgata episódios de irregularidades na autarquia

A licitação com suspeita de formação de cartel remonta os casos de irregularidades da Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá) a partir de 2009, quando Diniz Lopes (PR) assumiu como superintendente da autarquia.

No ano passado, o Diário mostrou que processo de compra de concreto usinado foi cercado de falhas documentais que indicavam direcionamento do certame. Tanto que a empresa contratada pela Sama, na época a Nova Rochamar, sequer havia participado da concorrência. Houve suspeita de que parte do concreto comprado com dinheiro público foi usada para construção da casa de Vladimilson Garcia, o Bodinho, braço-direito de Diniz.

Em 2011, o empresário José Vieira da Rocha, proprietário da Nova Rochamar, denunciou Diniz por fabricação de documentos fictícios para que sua empresa fosse contratada, em caráter emergencial, e receber R$ 143,5 mil por seis meses.
 




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