O Ministério Público vai investigar o contrato da FUABC (Fundação do ABC) com a KLL Consultoria e Avaliação Educacional Ltda, empresa de Klinger Luiz de Oliveira Sousa (PT).

No domingo, o Diário mostrou que a FUABC admitiu a consultoria de Klinger para que o ex-secretário de Santo André atuasse como lobista em Brasília para transformar a FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) em centro universitário. Pelo serviço, o petista recebe R$ 25 mil por mês.

O promotor Roberto Wider Filho, de Santo André, afirmou que vai encaminhar hoje cópia da reportagem ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), braço de investigação de organizações criminosas do MP. “Isso tem de ser apurado”, defendeu.

A KLL foi contratada num processo sem licitação e no qual concorreu com apenas mais uma empresa. A consultoria de Klinger foi sugerida à FMABC pelo presidente da FUABC, Maurício Mindrisz, ex-companheiro de Klinger no secretariado do prefeito Celso Daniel (PT, morto em 2002), em Santo André, e indicado ao comando da instituição pelo prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT).

Sem licitação, o acordo foi fechado em janeiro de 2012, assim que Mindrisz assumiu o comando da Fundação, e se encerra em dezembro deste ano, com o fim do mandato do petista. Por dois anos, Klinger receberá R$ 600 mil da FUABC, que é mantida com dinheiro público das prefeituras de Santo André, São Bernardo e São Caetano.

O convênio era tratado a sete chaves na FUABC, sem nenhuma menção no site oficial da faculdade ou da KLL. Klinger emitia nota fiscal do serviço executado e recebia em cheque nominal sempre na primeira quinzena do mês.

Professores da FUABC ouvidos pelo Diário na sexta-feira afirmaram nunca ter visto o petista pela faculdade, apesar de seus dirigentes garantirem que Klinger dava palestras na faculdade. Segundo a assessoria da instituição, o ex-secretário de Serviços Municipais de Santo André conduziu workshop na segunda-feira da semana passada para falar sobre a avaliação do Enad (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) do MEC (Ministério da Educação).

Mindrisz não retornou os contatos da equipe do Diário. No domingo, ele afirmou que a contratação da empresa de Klinger não era política.

APARELHAMENTO
Desde que Mindrisz assumiu a principal cadeira da FUABC, a instituição pública se tornou uma extensão do gabinete de Marinho. Além de Mindrisz, Adriana Helena de Almeida, filha do ex-prefeito são-bernardense Maurício Soares (PT), foi indicada para um dos maiores cargos da Fundação: a direção da Central de Convênios.

Em 2008, Klinger doou R$ 6.000 para a campanha da primeira eleição de Marinho. Foram R$ 3.000 destinados pessoalmente e outra metade pela empresa KLL.