Economia Titulo Previdência
Novo símbolo para a nova realidade da terceira idade

Usada para demarcar áreas preferênciais, a atual representação do idoso é pejorativa

Andréa Ciaffone
do Diário do Grande ABC
21/08/2013 | 07:21
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Uma pessoa com costas intensamente curvadas e uma bengala. A imagem, que é quase onipresente e sinaliza as situações em que é dada preferência para idosos – como assentos de ônibus, filas de supermercados, vagas de estacionamento etc – está para mudar. No dia 16 de setembro, outra figura deverá representar os idosos. E tudo indica que a mudança será muito bem-vinda.

“Esse bonequinho do idoso remete à decadência. Chega a ser agressivo. E não representa boa parte dos maiores de 60 anos”, resume Miriam Aparecida Pazinato, assistente da diretoria do Associação dos Aposentados e Pensionistas do Grande ABC. “Para mim, tudo o que é visual tem muito impacto, ‘grita’, e essa imagem da pessoa curvada é deprimente”, completa.

Foi exatamente essa sensação que motivou o publicitário Max Petrucci, 46 anos, dono da agência Garage Interactive Marketing, a deflagrar o movimento Nova Cara da Terceira Idade, que usa a internet para discutir o panorama desta faixa etária e fazer consulta sobre inspirações para uma nova representação pictográfica (nome técnico dos bonequinhos que remetem a condições ou atividades) para os maiores de 60 anos. Até agora várias foram as sugestões, mas a decisão final ficará com a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

“As imagens são poderosas porque elas entram direto na cabeça das pessoas, sem a moderação das palavras”, diz Petrucci. De fato, é pouco efetivo usar a linguagem politicamente correta e eufemismos como a expressão ‘terceira idade’ ou ‘melhor idade’ quando, ao mesmo tempo, o maior de 60 anos é retratado por uma imagem que mostra um ancião decrépito. “A fragilidade do bonequinho definitivamente não traduz a realidade de pessoas que continuam ativas, saudáveis e contribuindo para a sociedade”, diz Petrucci.

LONGEVIDADE - Hoje, um em cada nove habitantes do planeta tem mais de 60 anos de idade. Em dez anos, segundo estimativa feita pela ONU (Organização das Nações Unidas), os idosos, grupo etário que atualmente é o que mais cresce, serão 1 bilhão, algo como um em cada sete passageiros da espaçonave Terra. Em 2050, serão 2 bilhões. Segundo os especialistas, essa explosão é resultado do sucesso da nossa sociedade em combater doenças e de gerar riquezas.

No Brasil, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) o número de idosos vai mais do que triplicar até 2050, chegando em quase 50 milhões.

Para Ewander Cezar Moraes, assessor da diretoria da entidade de aposentados da região, a alteração da sinalização é muito positiva. “Cada vez mais a terceira idade não combina com essa imagem de incapacidade. Nas manifestações de junho, tivemos vários associados que foram para as ruas protestar usando bengalas, muletas e até andadores. Eles são guerreiros, cheios de atitude. Não estão curvados.”

Tanto Petrucci quanto Moraes concordam que a mudança do pictograma não resolve os grandes problemas, mas ambos veem como uma forma de alavancar a autoestima dos mais velhos e de fazer com que eles tenham uma imagem que inspire a solidariedade dos mais jovens com as suas reinvindicações.
 




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