Economia Titulo Consumo
Produtos de marca própria
custam até 137% menos

Em tempos de inflação corroendo a renda, escolher
marcas próprias das redes varejistas pode ajudar

Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
11/08/2013 | 07:20
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Marina Brandão/13.06.2008/DGABC


Em tempos de inflação corroendo a renda do trabalhador, a dona de casa precisa fazer verdadeiro malabarismo para que o salário cubra as despesas do mês. Escolher produtos de marcas próprias nas prateleiras dos supermercados aparece como opção para o bolso do consumidor. A economia pode chegar a 137,29% quando comparado com o de marca líder, como é o caso da alface americana higienizada (unidade), cujo valor varia de R$ 12,79 a R$ 5,39.

O Diário percorreu as principais redes supermercadistas presentes no Grande ABC e constatou que a cesta composta por 12 itens básicos fica 23,28% mais barata se todos os produtos forem de marca própria. O preço total é de R$ 44,79. Esse mesmo conjunto de produtos sai por R$ 55,22, quando a dona de casa opta pelas líderes de mercado.

A segunda maior variação é do café (500 gramas). Enquanto que o pacote do pó de marca própria é vendido a R$ 4,95, o de logo tradicional é comercializado por R$ 6,99 – diferença de 41,21%.

O contrário também pode acontecer. No caso do feijão, algumas marcas próprias são mais caras do que as tradicionais. Nesse quesito, vale a pena pesquisar. No entanto, o saldo total compensa para bolso.

Apesar dos itens mais baratos ocuparem cada vez mais as gôndolas dos mercados, a maioria continua optando por levar para casa as marcas tradicionais.

“Na correria do dia a dia não temos como lutar com a força do hábito. Já experimentei alguns produtos e, mesmo sendo bons, continuo levando os mais caros para casa”, confessa a aposentada Elisete Pereira, 52 anos.

Na opinião da dona de casa Josefa Staff, 61, alguns itens têm a mesma qualidade, mas outros, não. “No caso do arroz, utilizo o mesmo há mais de duas décadas. Já acostumei com o tempo de cozimento e deixo ele no ponto que quero, não abro mão.”

O que muita gente não sabe é que grande parte dos produtos de marcas próprias tem a mesma qualidade daqueles das líderes, já que o fabricante é a mesma empresa. “Pagamos por um logo, por uma marca. Os produtores fazem isso para expandir a base de consumo, como para diferentes classes sociais, e também para ganhar em escala. Isso significa que com produtos mais baratos, a chance do consumidor levar vários para aproveitar o preço é grande”, explica Rodrigo Mariano, gerente de economia e pesquisa da Apas (Associação Paulista de Supermercados).

Segundo ele, a marca própria surgiu de forma distorcida em relação ao que ocorre no Exterior. “As pessoas pensam que são produtos mais baratos por terem menor qualidade, por serem inferiores. Na verdade não se trata disso, é mais questão de imagem das empresas líderes.”

Mesmo considerado nicho pouco explorado e que ainda engatinha, a empresa de pesquisa Nielsen apurou que em 2012 o segmento movimentou R$ 2,8 bilhões de faturamento, mais que o dobro do registrado há seis anos. “É tendência”, reforça Mariano.

O estudo aponta ainda que o patamar brasileiro para marcas próprias está aquém da média nacional e ocupa o quinto lugar entre os países da América Latina. Os itens mais baratos ficam atrás das marcas básicas, premium e as de inovação, no critério dos clientes.

Supermercados investem em segmentos diferenciados

As marcas próprias são sinônimo de investimento por parte das grandes redes supermercadistas. Para se ter ideia, no último ano, o volume de produtos vendidos no Grupo Walmart registrou incremento superior a 10% em relação ao período anterior e crescimento de 15% no faturamento – entre as 1.700 mercadorias em mais de 40 categorias que a rede oferece.

Com matriz em Santo André, a Coop (Cooperativa de Consumo) já acumula em seu portfólio 490 itens, divididos em alimentos, bebidas, higiene e perfumaria, limpeza, pet shop e bazar. O negócio tem dado tão certo entre os clientes que os produtos passaram a ser disponibilizados também na Coopbrasil (Cooperativa Central de Consumo).

Desde 2006, o Grupo Pão de Açúcar (unidades Extra e Pão de Açúcar) trabalha com o conceito de marcas exclusivas. Hoje, o portfólio é formado por cinco marcas focadas em itens saudáveis e de bem-estar; no melhor custo-benefício; vinhos; produtos franceses e artigos para casa. Anualmente, entre 10% e 20% do portfólio são alterados.

“Desde o lançamento da categoria até agora, observamos que o consumidor vem se fidelizando às marcas, reconhecendo-as e buscando-as nas gôndolas. Os produtos exclusivos não possuem mais a imagem de inferior a preço barato, porque é imprescindível para qualquer empresa conquistar a confiança do consumidor e isso se consegue não apenas com preço justo, mas com qualidade e sortimento diferenciado”, defende Andre Svartman, gerente de marketing da companhia.

No caso do Carrefour, diante da consolidação deste segmento, o grupo diz investir constantemente em estudos para identificação de novas mercadorias. Ao todo são 9.000 produtos de marca própria, distribuídos em sete linhas. Entre as mercadorias mais procuradas têm destaque o arroz e feijão.




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