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Supermercados têm queda de faturamento real de 2,28% no semestre
Da Agência Brasil
05/08/2006 | 14:56
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O faturamento dos supermercados no primeiro semestre deste ano teve 2,74% de queda real (descontada a inflação), em razão de um conjunto de variáveis econômicas interligadas, como juros, câmbio, aumento do emprego e do consumo, renda, crédito e produção agrícola. Os dados foram divulgados esta semana pela Abras (Associação Brasileira de Supermercados). A maioria dos fatores que leva à redução do faturamento beneficia os consumidores.

A valorização do real em relação ao dólar barateia o preço de insumos agrícolas importados, como sementes, fertilizantes e herbicidas, e acentua a redução de preços favorecida pelo crescimento da produção agrícola e o aumento da oferta de alimentos.

Também gera redução de preços de produtos importados pelos supermercados e de produtos eletrônicos nacionais que utilizam componentes importados. Paralelamente, o crescimento da oferta de empregos continua pelo terceiro ano consecutivo, o que aumenta o número de consumidores, e há expansão do crédito. Esses fatores favorecem a população mas reduzem o faturamento global dos supermercados quando o crescimento das vendas não faz frente à reduções fortes de preços.

Em contrapartida, não há crescimento de renda e os juros elevados encarecem as prestações dos empréstimos, o que leva os consumidores a serem mais seletivos nas compras e moderados nos gastos, o que gera forte guerra de preços. Segundo João Carlos de Oliveira, presidente da Abras, “o consumidor deixou de comprar produtos de valor mais elevado”, diz o presidente da Abras, João Carlos de Oliveira, no balanço divulgado.

Para o professor Cláudio de Ângelo, especialista em varejo da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo, “a estabilidade da moeda acirra a disputa do mercado, pois permite ao consumidor tomar maior conhecimento sobre o preço real dos produtos”. Ângelo destaca o efeito da inadimplência do consumidor provocada pelo endividamento. “A alta taxa de juros baixa a possibilidade de compra, em especial, no que diz respeito aos bens duráveis e semi-duráveis”.

Os produtos com maiores quedas de preços no acumulado do semestre foram, sobretudo os alimentos, que respondem por fatia significativa das vendas da maioria dos supermercados. De acordo com a Abras, os de maior redução percentual foram tomate (44%), batata (33%), frango congelado (21%), pernil (13%), carne bovina dianteira e leite em pó integral (11%), carne traseira e queijo prato (8%) e óleo de soja (6%).

Segundo Carlos de Oliveira, “a queda nos preços beneficia duplamente o consumidor que aproveita os preços mais baixos para economizar - devido às promoções e investimentos dos supermercados - e pagar dívidas antigas”. Ângelo acredita que a continuidade dessa queda deve levar o setor a optar por uma de duas atitudes, ou a ambas: “haverá cortes de custos ou uma maior disputa na negociação com a indústria”.

A Abras reduziu sua previsão de crescimento do faturamento para este ano, em comparação com 2005, que era de 2% a 3%, para 1,5%.



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