Economia Titulo Finanças pessoais
Endividamento é um dos
inimigos da produtividade

Empresas têm investido para ajudar os seus
funcionários a resolver as questões financeiras

Andréa Ciaffone
Diário do Grande ABC
15/06/2013 | 07:21
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O nervosismo causado por ligações de cobrança são a ponta de um iceberg emocional que drena a motivação do trabalhador com problemas para pagar seus compromissos ou que já se encontra em situação de inadimplência e já não consegue pagar tudo o que deve e com o nome incluído nos órgãos de proteção ao crédito.

“É difícil mensurar com exatidão os prejuízos para as empresas da situação de endividamento dos funcionários, mas essas perdas existem. Basta observar as ligações de cobrança que não só atrapalham o andamento das atividades do funcionário como causam uma instabilidade emocional que quebra a concentração e abre as portas para a insatisfação geral com a vida e até com o emprego”, diz a consultora na área de contabilidade e controladoria, Dora Ramos.

Coordenador da área de recursos humanos da Fundação Salvador Arena, de São Bernardo, e da metalúrgica Termomecânica, Sérgio Loyola desenvolveu programa para ajudar os funcionários da empresa a afastarem os fantasmas causados pelas dívidas. “Tudo começou com a implantação do Programa de Melhoria Contínua de Vida e Trabalho, que mapeou as patologias sociais que atingem os funcionários. Entre essas patologias – que são estruturais e não individuais – identificamos a questão do endividamento como algo a ser melhorado”, diz Loyola.

Segundo o executivo, são muitos os prejuízos que os problemas financeiros causam para o funcionário e que podem ter efeitos no seu desempenho. “Depressão, ansiedade, conflitos na família, prejuízo no sono, absenteísmo (faltas ao trabalho), presenteísmo (estar apenas de corpo presente mas não concentrado nas suas tarefas) são alguns dos problemas que são riscos potenciais à segurança do trabalho”, aponta Loyola.

Preocupada com a motivação dos seus funcionários, a Termomecânica, de São Bernardo, contratou a Dsop Educação Financeira para desenvolver programa sobre saúde financeira e qualidade de vida na empresa. O projeto, iniciado em outubro de 2011, trouxe resultados importantes. O percentual de funcionários endividados encolheu de 45% para 9%. Já o número de participantes que passaram a investir seu dinheiro foi de 14% para 45%.

Dívidas costumam nascer da confusão entre renda real e crédito disponível

De acordo com a Peic ( Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor) realizada pela Fecomercio-SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), 57,1% das famílias tinham dívidas a pagar no mês de maio.

De acordo com estudo realizado em 2012 pelo Inpes (Instituto de Pesquisas) da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), em média, um quarto das famílias da região estava endividado. A pesquisa mostra que o endividamento tende a ser maior conforme a renda familiar diminui. Enquanto a classe A deve 6%, nas classes D e E, as dívidas ocupam 52% da renda.
“As pessoas – de todas as classes sociais – confundem recurso, que é o dinheiro que a pessoa ganha, com crédito, que é o montante que as instituições financeiras disponibilizam para quem tem renda. E o crédito tem custo alto por causa dos juros”, adverte a consultora Dora Ramos.
 




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