Economia Titulo Consumo
Brasileiros se esbaldam
em compras no Free Shop

Batendo recordes de gastos nas compras no
exterior, meio proporciona alívio dos impostos

Andréa Ciaffone
Do Diário do Grande ABC
26/05/2013 | 07:26
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Abril é mês de baixa estação. Mesmo assim, os gastos de brasileiros no Exterior foram 17% maiores no mês passado, com dólar a R$ 2, do que em abril de 2012, quando a moeda norte-americana estava a R$ 1,90. Segundo o BC (Banco Central), desde que as despesas em outros países começaram a ser contadas por mês, em 1969, nunca os brasileiros gastaram tanto em abril: US$ 2,1 bilhões contra US$ 1,8 bilhão de abril de 2012.

No acumulado dos quatro primeiros meses do ano, os desembolsos dos brasileiros em viagens internacionais chegaram a US$ 8,1 bilhões, alta de 13,2% na comparação com o mesmo período de 2012, ano em que gastos no Exterior somaram US$ 22,2 bilhões e bateram recorde.

Parte do dinheiro deixado nas viagens internacionais é desembolsado nas Duty Free Shops - lojas em que os produtos têm franquia de impostos. Ou seja, essas lojas permitem que o viajante compre (geralmente produtos de luxo) sem ter que pagar os tributos do seu país ou do país que vai visitar. No caso dos brasileiros, a festa tem limite determinado pela Receita Federal, que só permite gastar US$ 500 por vez. Além desta restrição, o Fisco estabelece quantas unidades de determinados produtos podem ser levadas.

DEMANDA REPRIMIDA - Comprar sem ter de pagar impostos é algo atraente - especialmente porque os preços engordam substancialmente fora das áreas de embarque ou dos navios, e ficam bem parecidos com os praticados pelo varejo normal, onde ganham uma capa de impostos que avoluma em seus preços. Em geral, o valor fica entre 170% e 200% mais caro do que com a etiqueta do free shop.

A explicação para custos tão altos está no fato de que o legislador brasileiro taxa com alíquotas maiores produtos que considera supérfluos - o que inclui maquiagem, cremes, perfumes, bebidas, óculos de sol, relógios e outros itens que vão além das necessidades básicas.

A falta de acesso explica a voracidade dos brasileiros por produtos de luxo e causa seu impacto nas contas externas, o que faz com que os limites sejam mantidos em US$ 500 há décadas. O problema da quota que não muda é que os preços dos produtos foram alterados para acompanhar a inflação dos seus países de origem. Agora, tramita no Congresso um projeto de lei do senador Cyro Miranda que prevê a elevação das cotas individuais de US$ 500 para US$ 1.200.

Preços em Miami são mais atraentes graças a vários incentivos fiscais

Nos Estados Unidos há um ditado que diz que há duas coisas de que não se pode escapar: a morte e os impostos. Justamente por serem inescapáveis e onipresentes, o melhor é que os impostos sejam facilmente identificáveis e que incidam com maior vigor nos mais ricos. Com a preocupação de evitar que a carga tributária inviabilize o crescimento econômico, a cidade de Miami, na Flórida, criou um sistema de benefícios fiscais diferenciado, que incentiva a abertura de lojas em seu território. Além disso, a Sales Tax, que é a taxa única que incide sobre as vendas e que é cobrada em todo país, em Miami tem uma alíquota de 7%, mais baixa que a cobrada em Nova York (8,5% no geral, mas roupas e sapatos de menos de US$ 110 estão isentas) e que em Los Angeles (9%). O resultado do alívio fiscal faz com que Miami seja o destino favorito dos brasileiros que querem fazer compras.

De acordo com levantamento feito pelo IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário), a diferença entre o valor, já convertido em reais, entre o que o consumidor paga numa loja de Miami e no varejo brasileiro, pode chegar a 300%. "Como no Brasil há uma tributação excessiva sobre o consumo, incidindo IPI, PIS/Cofins, ICMS, além dos demais tributos incidentes nas atividades do fornecedor, o preço que chega ao consumidor é extremamente alto, se comparado ao preço que seria sem essa tributação excessiva", diz a advogada tributarista e vice-presidente do IBPT, Letícia Mary Fernandes do Amaral.




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