Luta dos principais sindicatos do Grande ABC
é para conquistar um considerável aumento real
Os elevados índices de inflação do País prometem esquentar as negociações salariais dos trabalhadores pertencentes a três fortes categorias na região: metalúrgicos, bancários e químicos, que ocorrem durante o segundo semestre.
Estarão em campanha, na região, 189,3 mil trabalhadores. Desse contingente, 144 mil são metalúrgicos, 38 mil pertencem às indústrias químicas e 7.300 são funcionários das instituições bancárias.
Segundo dados do BC (Banco Central), em abril, a inflação dos últimos 12 meses ficou em 6,49%, pouco abaixo da meta do governo, e, no mês, a taxa foi 0,55% superior ao custo de vida em março.
BANCÁRIOS
“A conjuntura econômica atual é desfavorável. Inflação nunca é bom e pode interferir na conquista do aumento real, por estar alta. Mesmo assim, no setor financeiro não haverá argumentos: os bancos continuam lucrando como nunca”, avalia o presidente do Sindicato dos Bancários do ABC, Eric Nilson.
Segundo ele, a projeção do sindicato é que até a data-base da categoria (em setembro) a inflação acumulada seja de 6,6%. “Além da reposição, vamos lutar pelo reajuste real. Precisamos voltar a ter poder de compra”, destaca. Em 2012, a categoria conquistou 7,5%, após nove dias de paralisação nas agências das sete cidades.
METALÚRGICOS
Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, as negociações nunca são fáceis. “Apesar de o setor automotivo ter crescido, vamos ter que olhar com cautela para empresas menores, como as autopeças, que passam por momento delicado. O debate será mais duro para conquistarmos aumento real digno, mas sei que vamos conseguir.”
Ele reforça que a atividade industrial do Grande ABC segue bem neste ano. “O desempenho do setor nos dá condições de fazermos boa campanha.”
Marques acrescenta que no fim de junho a categoria deve entregar a pauta de reivindicações para a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). A base de São Bernardo responde por 106 mil metalúrgicos e negocia em nível estadual, já que pertence à FEM-CUT/SP (Federação dos Sindicatos de Metalúrgicos da CUT de São Paulo). De acordo com o presidente da federação, Valmir Marques da Silva, o Biro Biro, a entidade “construirá uma pauta de reivindicações baseada na realidade de cada sindicato filiado no Estado.”
Em setembro também é a vez do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano lutar por melhores salários e condições de trabalho na GM (General Motors). As demais empresas que compõem o sindicato (cerca de 180) tem data-base em novembro. “No entanto, 80% da nossa categoria é constituída pelos trabalhadores da GM”, afirma o presidente do sindicato de São Caetano, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão. Para ele, as negociações não serão mais difíceis que o ano passado, quando conquistaram 8,24% (maior percentual entre os outros sindicatos da região). “O que não podemos deixar é que a alta taxa inflacionária prejudique nosso aumento real. Não vamos deixar ela (a inflação) achatar nosso reajuste bruto”, diz Cidão.
Mais para o fim do ano, em novembro, é a vez de os químicos e dos metalúrgicos de Santo André e Mauá lutarem por seus direitos. “O setor automotivo tem apresentado crescimento sustentável, uma média de 5% ao ano. Por isso, acredito que vamos repor a inflação e conquistar aumento real. No ano passado conseguimos 2%. Neste ano, o índice precisa, pelo menos, ser o mesmo”, avisa o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, Cícero Firmino da Silva, o Martinha. A categoria soma 23 mil funcionários, entre as 800 empresas do ramo.
QUÍMICOS
No mesmo mês, os 38 mil funcionários das indústrias químicas irão pleitear os mesmos quesitos. Para o presidente do sindicato da categoria, Paulo Lage, a conta é simples: “Pegamos a média da inflação e o crescimento de cada setor dentro do ramo químico e chegamos a um número, ao nosso reajuste”. Para ele, o cenário não é todo ruim, já que o segmento contrata mão de obra e o setor de plástico e cosmético lucra. “Vamos começar a negociar pedindo, pelo menos, 8,5% de aumento salarial, sempre torcendo para a inflação cair, porque aí o aumento real será maior.” Em 2012, o reajuste foi de 7,8%.
Além das cláusulas econômicas, as entidades debateram questões sociais, como demissões, rotatividade e licença-maternidade (de 120 para 180 dias).
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