Economia Titulo Aposentados
Um terço da população
no ABC dependo do INSS

Há dez anos, eram 23,3%; desde 2003, o Grande
ABC ganhou 89.830 aposentados e pensionistas

Soraia Abreu Pedrozo
Diário do Grande ABC
19/05/2013 | 07:34
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Divulgação


No Grande ABC, 27% da PEA (População Economicamente Ativa) depende do benefício do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) para sobreviver. Existem 373.200 aposentados e pensionistas nas sete cidades, de acordo com a Previdência Social. E, segundo o Seade/Dieese, a PEA, que inclui tanto pessoas que trabalham como as que estão sem ocupação, chega a 1,386 milhão - o número não considera crianças. Dez anos atrás, esse percentual era de 23,3%, quando havia 283.370 beneficiários e uma população economicamente ativa de 1,215 milhão de pessoas. De 2003 para cá, portanto, aumentou a dependência do INSS, já que a região ganhou 89.830 aposentados e pensionistas. O diretor da Associação dos Aposentados e Pensionistas do Grande ABC, Luís Antonio Ferreira Rodrigues, explica que um dos motivos que ajudou a aumentar o número de aposentados no período foi o processo de desindustrialização na região, que veio se acentuando na última década. "Desde meados dos anos 1990, o cenário industrial já começou a mudar, pois algumas empresas saíram da região e outras não resisitiram à competitividade e fecharam as portas. Esse movimento ficou ainda mais intenso nos anos 2000."  Com medo dos rumores ou intimados a se aposentar, Rodrigues conta que muitos trabalhadores anteciparam a entrada no benefício, alguns até antes de completar 35 anos de contribuição, a fim de garantir aposentadoria como metalúrgico, químico ou borracheiro, por exemplo. "A maior oferta de emprego já estava se concentrando no setor de serviços, que paga salários menores. Com contribuições também menores, o valor do benefício seria reduzido." Foi exatamente o que aconteceu com o são-bernardense Francisco Oliveira, de 66 anos. Ele era soldador na extinta Cofap, de Santo André, quando recebeu a notícia de que parte da empresa seria vendida para a Tupy. "Fui praticamente obrigado a me aposentar. À época, para não me demitir, eles me pagaram o equivalente a seis salários e eu dei entrada no benefício com 48 anos de idade e 35 de contribuição, já que comecei a trabalhar aos 13 anos." DESVALORIZAÇÃO  Oliveira se aposentou pelo teto da época. Hoje, porém, ganha o equivalente a R$ 3.360, R$ 799 a menos do que o teto atual, de R$ 4.159. Isso ocorre porque o salário-mínimo, valor base para o piso das aposentadorias, é corrigido pelo INPC (Índice de Preços ao Consumidor) mais o PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos atrás, enquanto valores acima do piso só recebem, ano a ano, o reajuste da inflação.  Rodrigues lembra que, mesmo que os aposentados tentem se recolocar, dificilmente é no mesmo setor que trabalhavam. Quem tem mais preparo e recursos acaba optando por abrir negócio próprio. Aqueles que têm menos condições conseguem oportunidades em supermercados, restaurantes ou outros estabelecimentos, como guardas ou porteiros. Mais uma vez Oliveira se encaixa na estatística. Há seis anos é porteiro no prédio onde mora. "Quando saí da Cofap comecei a fazer uns bicos, pois era muito novo para parar de trabalhar e não aguentava ficar parado, mas não encontrava nada na indústria. Até que me firmei nessa função", conta.  Embora não tenha necessidade financeira de continuar trabalhando, o soldador aposentado compensa as perdas com a correção de sua aposentadoria com o salário de porteiro, em torno de R$ 1.300. Dessa forma, seu rendimento totaliza R$ 4.660. NECESSIDADE Conforme estatísticas da Associação dos Aposentados e Pensionistas do Grande ABC, cerca de metade das pessoas que penduram as chuteiras nas sete cidades, ou seja, em torno de 130,1 mil, volta a trabalhar para complementar a renda do benefício.  Do total, 30%, ou 78 mil, seguem contribuindo com o INSS e, portanto, podem entrar na Justiça para pedir a troca de aposentadoria, que substitui o benefício atual por outro mais vantajoso pelo fato de somar o valor da contribuição ao total que recebem hoje. Em geral, o montante sobe, mas advogados previdenciários orientam que se sejam feitos cálculos antes de entrar com ação.




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