Economia Titulo Pesquisa
Metade não se
preocupa com aposentadoria
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
15/05/2013 | 07:54
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Quase a metade dos brasileiros, 48%, declarou não se preocupar com a velhice ao assumir, claramente, que não contribui com o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) nem possui investimento em previdência privada. Isso é o que aponta o novo indicador da Serasa Experian Educação Financeira do Consumidor.

O índice, lançado nesta semana, levou em conta entrevista com 2.002 pessoas, todas maiores de 16 anos, em 142 cidades de todos os Estados brasileiros mais o Distrito Federal durante o primeiro trimestre, incluindo capitais, periferia e interior.

A pesquisa mostrou que, para garantir sua aposentadoria, 42% contribuem apenas com o INSS. Parcela bem menor, 5% do total, disse que, além de pagar a Previdência Social, complementa o rendimento do futuro com planos privados. Dos entrevistados, 2% alegaram contribuir apenas com a previdência particular, outros 2% disseram não saber ou não se lembrar se possuem reservas para o futuro e 1% se recusou a responder.

Na avaliação do economista da Serasa Experian Luiz Rabi, esse é um problema generalizado, que não é restrito a alguma faixa de renda. "Falta um tripé na educação financeira das pessoas. Elas sabem que existem formas de se poupar para o futuro, ou seja, têm conhecimento das modalidades disponíveis, mas não o fazem, e não necessariamente porque não têm dinheiro para isso."

Para o professor de macroeconomia da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras) e planejador financeiro Silvio Paixão, considerando o total de pessoas que não têm nenhuma reserva para a velhice, 10% não contribuem com o INSS nem com a previdência privada porque acreditam que não vão viver até a velhice, outros 10% ainda não pararam para pensar no assunto e 80% não pagam porque ainda não conseguiram separar parte do salário para esse tipo de poupança.

Dados da pesquisa da Serasa que endossam a explicação de Paixão são que 49% dos entrevistados gastam mais do que ganham e 30% sequer se lembram no que empregaram o dinheiro, ou seja, consomem coisas supérfluas. "Não existe no País a cultura de poupar. O próprio governo vai na televisão estimular todo mundo a gastar, em vez de estimular as pessoas a pensar no futuro. O governo poderia, por exemplo, aumentar o percentual de dedução da previdência privada no Imposto de Renda (hoje de até 12% e válido apenas para o plano PGBL)", aponta Rabi. "O levantamento mostra também que quando as pessoas tomam decisões em conjunto a presença da educação financeira é maior."

Paixão diz que é comum o brasileiro misturar os conceitos de padrão de vida e qualidade de vida. "O padrão que as pessoas geralmente querem manter é incompatível com a renda que recebem. Com isso, tornam-se escravas de carnês e prestações a vida toda e não sobra para pensar no futuro. Gastam tudo o que tem para pagar a prestação do carro e se esquecem das despesas com IPVA, seguro e até com combustível. É preciso ter a consciência de qual padrão de vida se quer ter. E para isso é necessário ter renda compatível."




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