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Fibromialgia tem diagnóstico difícil
Thaís Moraes
Do Diário do Grande ABC
11/05/2013 | 09:06
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A administradora Gabriela Velasques Coelho, 27 anos, tinha uma vida normal até o fim de 2010, quando passou a sentir dores intensas nas costas e na cabeça. Durante todo o ano seguinte, já com dores por todo o corpo, enfrentou uma verdadeira via-sacra para descobrir a causa do problema.

Passou por consultas com neurologista, endocrinologista e, por último, ortopedista. Somente no início de 2012, dois anos após as primeiras manifestações, veio o diagnóstico: fibromialgia.

“A descoberta da doença costuma demorar porque as pessoas não sabem a quem recorrer. Mas o ortopedista é geralmente o primeiro especialista a ser procurado, já que os pacientes não sabem exatamente onde dói”, observa o reumatologista e professor da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) José Carlos Mansur Szajubok.

O termo fibromialgia, que significa dor em músculos e tendões, é uma síndrome, ou seja, conjunto de sinais e sintomas. “A principal característica da doença é a dor generalizada por mais de três meses”, expõe Szajubok.

Não existe exame específico para diagnosticar a enfermidade. Por isso são feitos exames laboratoriais para afastar outras doenças. Quando todos os outros males são descartados, o médico chega à conclusão de que tratar-se da fibromialgia.

Outros sintomas comuns da síndrome são sono não reparador (quando se levanta com a sensação de que não dormiu), fadiga, depressão, problemas de memória e concentração, ansiedade, formigamento e dormências, dores de cabeça, tontura e alterações intestinais.

Segundo o professor de Reumatologia da FMABC, a causa da doença é desconhecida. “A cura não existe por não se saber a origem do problema. O que se conhece é que pessoas estressadas e ansiosas têm mais predisposição a desenvolvê-lo”, comenta.

Embora os especialistas não saibam dizer a causa, sabe-se que fibromiálgicos são mais sensíveis à dor por terem menor disponibilidade dos neurotransmissores serotonina e noradrenalina, responsáveis pelos mecanismos de inibição da dor.

Qualquer grupo étnico e de qualquer idade pode apresentar a síndrome. No entanto, mulheres entre 30 e 55 anos são as mais atingidas. A estimativa é que de 2% a 3% da população brasileira tenha a doença.

PRECONCEITO - O coordenador da Comissão de Dor, Fibromialgia e Outras Síndromes Dolorosas de Partes Moles da Sociedade Brasileira de Reumatologia, Marcelo Cruz Rezende, relata a dificuldade encontrada pelos fibromiálgicos. “Como a doença não é uma lesão visível, um braço quebrado, por exemplo, as pessoas têm tendência achar que a dor é exagero.”

A mesma opinião é compartilhada pelo reumatologista José Carlos Mansur Szajubok. “Não só a sociedade, mas até a família do paciente costuma encarar a doença como simulação. Quando na verdade é um distúrbio bioquímico que precisa ser tratado”, critica.

“A fibromialgia afeta o pa- ciente em todos os sentidos. na vida pessoal, profissional e íntima”, completa.

Pacientes criaram associação e página

Incomodados com o descaso recebido de pessoas e médicos quando diziam sofrer de fibromialgia, grupo de dez pessoas criou em 2007 comunidade no Orkut e a Abrafibro (Associação Brasileira dos Fibromiálgico) para mudar esse cenário. O que era uma manifestação tímida, hoje conta com quase 4.000 associados do Brasil e do mundo em uma página no Facebook.

“Acredito que o nosso trabalho é poder transformar vidas. Apesar do trabalho parecer frio por ser feito no computador, é um serviço que modifica a vida das pessoas”, comenta Cristian Willians Salemme, 35 anos, fundador e administrador da associação, juntamente com Sandra Santos.

Salemme foi diagnosticado com fibromialgia em 2001, quando tinha 23 anos, após diversas idas e vindas a médicos. “ Já cheguei a ficar um ano de cama. Desde a descoberta da doença não sei mais o que é ficar sem dor”, relata.

A administradora Gabriela Velasques Coelho, 27 anos, se associou ao grupo enquanto ainda tentava descobrir o que tinha. “Ler o que as pessoas escrevem me ajuda a saber que não estou sozinha. E tento ajudar da mesma forma, um dá apoio ao outro”, diz.

DIA INTERNACIONAL - Amanhã comemora-se o Dia Internacional da Fibromialgia, criado com o objetivo de conscientizar a população. A campanha deste ano tem como enfoque a sensibilização das pessoas em relação à doença.

Os interessados em saber mais sobre como os pacientes lidam com a doença podem acessar os sites facebook.com/abrafibro.fibromialgia e www. abrafibro.blogspot.com.
 




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