A bancada de oposição em Santo André recuou e ofereceu ontem a presidência da CPI da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) para os vereadores de sustentação ao governo Carlos Grana (PT). A mudança de postura se dá após a ala liderada pelos petistas provocar na Justiça a suspensão da investigação por meio de liminar, há oito dias. Nos bastidores do Legislativo, a apuração efetiva do caso já é dada como enterrada.

Em reunião no plenarinho da Câmara, o atual comandante da comissão e autor do requerimento de CPI, Toninho de Jesus (DEM), fez a proposta aos vereadores governistas José Montoro Filho, o Montorinho (PT), Bispo Ronaldo de Castro (PRB) e José de Araújo (PMDB). A contrapartida para o acerto entre as partes depende agora de a base defensora da administração petista solicitar, oficialmente, a retirada da ação judicial, arquivando o processo. A abertura teve o aval dos quatro parlamentares independentes.

Toninho considerou que, mediante ao cenário desfavorável, suscitado pelo mandado de segurança, o grupo oposicionista refletiu que foram cometidos equívocos. Segundo o democrata, caso a comissão fosse aguardar o julgamento do mérito a averiguação das denúncias ficaria prejudicada. "Esse imbróglio jurídico inviabilizaria (o andamento). Caminharia para não se apurar nada. Por isso, às vezes, é melhor recuar um pouco e dar dois passos para frente."

À época da instauração da CPI, o PT tentou acordo para integrar a composição na presidência ou relatoria - os dois cargos de relevância do bloco. Entretanto, não houve acordo na ocasião e a oposição ocupou ambos os postos de destaque. Sem o espaço pretendido, os governistas entraram na Justiça para requerer a formação por sorteio. "Resolvemos deixar o orgulho de lado. Não importa se A ou B for presidente, desde que haja participação", concluiu Toninho.

Diante do novo posicionamento, Toninho é quem abre mão do cargo, responsável pela condução dos trabalhos. Conforme o ajuste firmado, o vereador Ailton Lima (PTB) continua à frente do relatório final do processo. Nos moldes fechados atualmente, a bancada governista indicará um dos três nomes. Pelo panorama e experiência parlamentar, o posto número um deve ficar entre Montorinho e Araújo.

Montorinho confirmou o acordo e afirmou que a assessoria jurídica está analisando a base legal para formular o trâmite. "Aceitamos (a proposta). Estamos levantando o que é necessário para tratarmos do procedimento para extinguir o processo, pois não faremos nada à revelia", disse o petista. O parecer que paralisou os atos da comissão é provisório.

Os vereadores irão se reunir novamente na segunda-feira para bater o martelo sobre os detalhes da composição. O presidente da Casa, Donizeti Pereira (PV), avaliou que o diálogo deveria passar pelos 21 vereadores. "A conversa tinha de ser coletiva." Até agora, a CPI convocou somente um depoente: o presidente da Aeceasa (Associação das Empresas da Ceasa do Grande ABC), João Batista de Lima, que acusou o governo de apadrinhamento político na concessão dos boxes da Craisa.