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Aguinaldo Silva conta como será 'Suave Veneno'
Gislaine Gutierre
Da Redaçao
07/01/1999 | 19:45
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Quase dez anos depois de ter escrito sua última novela urbana, Vale tudo (junto com Gilberto Braga), o escritor Aguinaldo Silva volta com uma nova história do gênero para ocupar o horário das 20h na Rede Globo. Trata-se de Suave veneno, que substitui Torre de Babel a partir do próximo dia 18. Desta vez, Silva investe no suspense para prender a atençao do telespectador. "Mas nao é uma novela policial, nem tem nada de sobrenatural", adianta o autor. Logo no início, seu personagem principal, o rico empresário Waldomiro Cerqueira (José Wilker), se envolve com a misteriosa Maria Inês (Glória Pires). Ela, a advogada Clarice Ribeiro (Patrícia França) e o ex-presidiário Adelmo de Alencar (Angelo Antônio) fazem parte de um mistério no qual todos os personagens da novela serao envolvidos.

Ao mesmo tempo, as três filhas de Cerqueira disputam com o pai a posse da sua bem-sucedida marmoraria. A história se desenrola basicamente em dois núcleos: num luxuoso condomínio familiar na Barra da Tijuca, e no bairro das Laranjeiras, no Rio de Janeiro.

A exemplo de outros trabalhos de autoria de Silva, Suave veneno nao fará qualquer espécie de crítica social nem pretende levar ao ar temas polêmicos. "Me recuso a fazer isso. Novela é folhetim, e eu quero apenas contar uma boa história."

Em entrevista ao Diário, o autor falou sobre seu novo trabalho. Leia os principais trechos a seguir: DIARIO - Em suas novelas normalmente aparecem personagens femininos muito fortes, como os papéis de Adriana Esteves em A indomada e de Regina Duarte em Roque Santeiro. Em Suave veneno, a mulher forte retorna?
AGUINALDO SILVA - Há várias personagens fortes na história, como a advogada e a filha mais velha do Cerqueira, Maria Regina (Letícia Spiller). E tem também a Carlota Waldez (Betty Faria), inspirada no personagem homônimo do filme Um corpo que cai, de Alfred Hitchcock. Ela tem três personalidades, que assume conforme cada circunstância, e as pessoas nao entendem porque ela muda tanto. Isso acaba provocando a curiosidade de muita gente, como a do vizinho Gato (Nuno Leal Maia), com quem acaba vivendo uma grande paixao. Fora isso, ela se envolve com um dos genros do Cerqueira, o Alvaro Figueira (Kadu Moliterno).

DIARIO - Algum outro personagem teve uma referência como a de Carlota?
SILVA - Sim, o Waldomiro Cerqueira é inspirado no rei Lear, de Shakespeare. E há a Marina (Débora Secco). Me inspirei nas meninas da praia do Pepê, no Rio de Janeiro, que sao as candidatas a modelo que querem arranjar marido rico, de preferência paulista, porque elas têm fixaçao por paulistas. Eu moro perto dessa praia e, ouvindo as conversas, decidi que um dia faria um personagem assim. A Marina é patética, quer se dar bem, mas nunca dá certo. No começo da novela, ela conhece um paulista e se dá mal (risos). Na terceira semana, conhece mais dois, e se dá mal de novo (risos). Até que conhece um jogador de futebol, e decide que é "agora ou nunca".

DIARIO - É verdade que a sinopse dessa novela já estava pronta antes de A indomada ir ao ar?
SILVA - É, eu tinha duas histórias, uma rural e outra urbana. A Globo acabou escolhendo A indomada. Suave veneno já estava pronta, mas nao como agora. Ela foi bastante modificada. Antes, toda a história girava em torno da disputa pelo poder das filhas de Cerqueira, pela marmoraria. Mas achei que estava faltando alguma coisa e resolvi acrescentar um certo mistério à trama.

DIARIO - Por que nao permaneceu o nome escolhido por você, Curare?
SILVA - Primeiro, porque um numerologista falou que nao ia dar certo. Depois, porque existe uma empresa de cosméticos com esse nome e que o patenteou, junto com suas possíveis variaçoes. Curare é um veneno indígena que mata rapidamente, dificilmente tem cura. Aí ficou Suave veneno. Mas confesso que normalmente ignoro esses nomes, porque sao muito grandes. Prefiro usar nomes com uma palavra só.

DIARIO - O que muda nessa novela, em relaçao aos seus trabalhos anteriores na televisao?
SILVA - Desta vez eu fiz um protagonista forte, com uma trama central que predomina o tempo inteiro - ao contrário das outras novelas, nas quais as tramas paralelas também tinham muito peso. Além disso, as histórias serao desenvolvidas milimetricamente. Por exemplo, de 30 em 30 capítulos acontecerá algo forte. Se, no meio do caminho, precisar mudar alguma coisa, vai ser bem difícil. É um desafio, um salto no escuro.

DIARIO - E como é sua rotina na época em que a novela está no ar? Você assiste aos capítulos pela TV?
SILVA - Quando estou escrevendo, peço a Deus que faça o dia com 48 horas, porque acordo às 6h30 da manha e só desligo da novela na hora de dormir. As vezes, até sonho com ela. Eu assisto aos capítulos quando eles vao ao ar, porque acho que aquele momento tem uma coisa mágica, e eu nao abro mao disso. Vou à janela para escutar o plim-plim dos televisores, para saber se as pessoas estao vendo a novela. Nenhum autor deveria perder isso.

  DIARIO - Seu contrato com a Globo, que vai até 2004, prevê a realizaçao de mais uma novela e uma minissérie, certo?
SILVA - Seguramente, farei uma história rural para a próxima novela. Mas o contrato também prevê um descanso de 18 meses entre uma e outra novela, para que o texto nao saia na correria, como foi com Suave veneno, porque fui convocado antes do tempo. Mas também gostaria de supervisionar jovens autores. Nós já estamos virando dinossauros da televisao. Está na hora de começarmos a passar a bola.




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