Segundo o diretor Industrial da Polietilenos União, Nívio Roque, o próprio diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, afirmou que a estatal está disposta a apoiar outras ações que dinamizem as atividades do Pólo, inclusive a termelétrica. Pelo projeto, a PqU (Petroquímica União) abandonaria as caldeiras e teria o vapor a partir da termelétrica, com ganhos ambientais e econômicos. "Confesso que fiquei muito otimista com a franqueza e objetividade do representante da Petrobras, pois essa reivindicação não é de hoje, e agora tudo indica que o processo caminhará de verdade."
Como afirmou o gerente de Projetos da PqU, Jorge Rosa, a Petrobras tem interesse em vender seu gás natural, combustível para a termelétrica, e sua instalação. Embora não esteja diretamente ligada à meta de elevação da produção de eteno da PqU, de 500 mil toneladas/ano para 700 mil toneladas/ano, a entrada em operação representaria obtenção de energia elétrica mais estável.
Porém, como destacou Rosa, a PqU estuda um projeto menor, para a geração de 200 toneladas/h de vapor, em vez de 350 toneladas/h, bem como 60 MW, e não mais 240 MW de energia elétrica. "No primeiro projeto vivíamos o apagão, que tornou o fornecimento de energia elétrica muito precário. Se este projeto for aprovado teremos na PqU o vapor proveniente de sistema misto: 200 toneladas/h da termelétrica e outras 150 toneladas/h de duas caldeiras. A PqU precisa de 350 toneladas/h de vapor em suas atividades."
Segundo a assessora de Comunicação da Rolls-Royce, no Rio de Janeiro, Ana Maria Araújo, o projeto da termelétrica está bastante adiantado, com licença ambiental liberada e turbinas encomendadas. "O que falta apenas é o contrato para a venda de energia e compra de gás natural, além de um maior detalhamento da Lei nº 10.848, de março, que trata da comercialização de energia." A Rolls-Royce desconhecia o estudo da PqU para instalação da termelétrica de menor capacidade, disse Ana Maria.
Obsoleto – Na opinião do diretor da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico) e do Sinimplast (Sindicato da Indústria de Material Plástico do Estado de São Paulo), José Jaime Zacarelli Salgueiro, que também é diretor da Resiplastic, fabricante de artigos plásticos de Mauá, os investimentos anunciados para o Pólo são o primeiro sinal de que a região começou a se mexer, na tentativa de se equiparar aos outros pólos petroquímicos do país.
"Nosso Pólo é o primeiro do Brasil e, no entanto, deve ser o mais obsoleto hoje. Uma prova disso é que as indústrias do terceiro setor do plástico, que somam mais de 100 no Grande ABC, têm de comprar cerca de 80% de suas matérias-primas em outros Estados, pois na região não se fabrica itens como o polietileno linear, por exemplo, um dos mais utilizados."
Segundo Sagueiro, as instalações do Pólo são muito antigas e o polietileno linear só é produzido em plantas que trabalhem com alta tecnologia. "Eu, por exemplo, compro de 150 toneladas a 200 toneladas/mês desse tipo de insumo dos fabricantes Brasken e Polialden, ambos na Bahia, e também da Ipiranga, no Rio Grande do Sul." De acordo com Salgueiro, isso provoca aumento nos custos de 2% a 3%, por conta do frete e afeta o capital de giro, pois paga-se à vista e recebe-se a matéria-prima quatro dias depois.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.