Roque começou sua carreira em 1965, como “centurião da conceituada” Polícia Rodoviária. Realizava um sonho de adolescente, fã que era do seriado brasileiro Vigilante Rodoviário, no qual acompanhava as aventuras do vigilante Carlos e seu cachorro Lobo.
Ficou mais de 20 anos na corporação. “Foi o amor de minha juventude, ter o asfalto como piso e o céu como teto”. Em 1988, passou em um concurso para delegado da Polícia Civil.
“O plantão me dá prazer pela diversidade e pelas nuances dos casos do cotidiano. Se vê muita coisa grotesca, bizarra...” Material humano perfeito para suas crônicas, feitas em forma de BOs. “Eu coloco nos textos aquela emoção do momento. De certas histórias burlescas ou irônicas, eu não vou tirar o sabor da fala das partes para colocar na frieza do jargão policial ou da linguagem técnica.”
Roque se orgulha de ter resolvido boa parte dos casos com uma boa dose de conversa e experiência. “Casos de vizinhos, desentendimento por causa de cachorros, amantes, irmãos e famílias acabamos conseguindo a reconciliação antes de os BOs serem terminados. Evitamos, assim, sobrecarregar a Justiça com casos menores.”
Enquanto fala, o delegado folheia seu atual livro de cabeceira: A Cultura do Renascimento na Itália, de Jacob Burckhardt. “Quando tenho um tempo, procuro ler. Não dispenso os clássicos.” O que lhe permite escrever um BO de lesão corporal em uma briga de casal fazendo citações de Cícero, de Manoel Bandeira e até do bardo Shakespeare .
“O importante é não descaracterizar a ocorrência, sendo fiel ao caso sem desrespeitar as partes.”
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