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Autovisão ainda patina
Anderson Amaral
Do Diário do Grande ABC
26/08/2006 | 19:48
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Quando foi lançado, em 2003, durante a primeira do plano de reestruturação da Volkswagen, o programa Autovisão prometia alcançar o mesmo sucesso da iniciativa que lhe serviu de inspiração, na Alemanha. O objetivo era (e ainda é) apoiar ações que contribuíssem para a geração de emprego e renda nas regiões onde há fábrica da montadora. Para isso, foram investidos 120 milhões de euros. Três anos depois, o projeto ainda apresenta resultados pífios, pelo menos no que se refere à criação de vagas.

Segundo balanço divulgado pela montadora, o Autovisão Brasil tem seis empreendimentos em operação, dois em fase de implementação, 25 projetos em estágio de desenvolvimento e 33 idéias em estágio de estudo inicial. A empresa contabiliza 224 empregos diretos criados e assistência a 4,2 mil famílias no Nordeste do país por meio do projeto Bomba D’Água, um dos seis em andamento, que visa a produzir e instalar bombas populares na região do semi-árido.

Outras duas iniciativas são o apoio para o estabelecimento de uma parceria entre a Inbra Blindados, de Mauá, e a VW para a blindagem de veículos da marca com garantia de fábrica, e para construção de um parque turístico em Taubaté, que é orçado em R$ 600 milhões e pode gerar 2,4 mil postos de trabalho.

Tal balanço, no entanto, não entusiasma o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (filiado à CUT). Na visão do vice-presidente da entidade, Francisco Duarte de Lima, o Alemão, o Autovisão Brasil “é uma iniciativa complexa, de difíceis resultados, e que, infelizmente, está morrendo aos poucos”.

Como parte da reestruturação promovida pela montadora que criou o Autovisão, 593 funcionários foram transferidos para o CFE (Centro de Formação e Estudos), onde permaneceriam realizando cursos e recebendo salários até o fim do acordo de estabilidade, em novembro. Entre os programas, oferecidos em parceria com entidades como Senai e Sebrae, figuram idiomas, webdesign e logística.

Segundo a Volks, aproximadamente 500 pessoas ainda estão em atividades no CFE, contingente que pode ser demitido caso empresa e sindicato não cheguem a um acordo que viabilize a segunda fase da reestruturação.

Crise

O acordo em vigor até novembro, que impede demissões na Volkswagen, foi estabelecido em 2001 após vários dias de negociação entre os diretores da empresa e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Pelo acordo, a montadora suspenderia as 3 mil demissões anunciadas dias antes em troca de redução na jornada e corte de 15% nos salários, mas garantiria os empregos por cinco anos. O acordo também previa investimentos de R$ 1 bilhão na fábrica de São Bernardo – para produzir o modelo para exportação do compacto Polo e o subcompacto Tupi, mais tarde rebatizado de Fox. O sindicato também conseguiu suspender cláusula que permitiria o corte de mil trabalhadores por ano.

Com a retração no mercado brasileiro e a discreta participação nas vendas internacionais, Volks e Ford fundiram-se em 1987, com a criação da Autolatina. O funcionamento da holding começou efetivamente três anos depois, com o compartilhamento de vários produtos: enquanto a VW produzia o Ford Versailles e Royale, derivado do Santana, a Ford produzia os VW Logus e Pointer, derivado do Escort. Mas a fusão era questionada tanto pela Volkswagen – incomodada com o sucesso do Uno Mille – como pela Ford – cuja estratégia dava prioridade aos carros de maior valor agregado e não queria remodelar o Gol. Com tantas problemas de relacionamento, a Autolatina foi dissolvida em 1995.




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