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Dividida, comissão baleeira vive quarta-feira confusa
Das Agências
21/06/2006 | 17:33
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Defensores e críticos da caça às baleias concordam em um único ponto: a CBI Comissão Baleeira Internacional, criada há 60 anos para zelar pelo maior mamífero do planeta não funciona e está polarizada depois de sua reunião anual, no Caribe.

A assembléia anual, que se encerrou na terça-feira nas Ilhas São Cristóvão e Nevis, foi cenário de cinco dias de duros debates e não fez mais que dividir a organização, apresentando interrogações sobre o seu futuro.

Principal país caçador de baleias, o Japão conseguiu aprovar por 33 votos a 32 (e uma abstenção) uma resolução que considera a moratória "temporária" sobre a caça às baleias "não é mais necessária". A vitória diplomática japonesa não chegou, no entanto, a anular a proibição de caça destes cetáceos, em vigor há 20 anos. Para abolir a moratória são necessários 75% dos votos dos 70 membros da CBI.

Para os países a favor da moratória, como Austrália, Grã-Bretanha, Nova Zelândia e parte da Europa, a CBI não funciona porque a cada ano são mortas duas mil baleias, apesar da prorrogação adotada em 1986 sobre a caça comercial destes mamíferos.

"Além da retórica e das posturas, muito pouco se conseguiu nesta semana, tanto para as baleias quanto para as pessoas", avaliou Susan Lieberman, encarregada de espécies ameaçadas do influente grupo ecologista Fundo Mundial para a Natureza.

"Japão, Noruega e Islândia mataram cerca de duas mil baleias desde a reunião do ano passado", lembrou.

O Japão caça baleias "em nome da ciência", uma prática autorizada pela CBI. Mas para os defensores da moratória, os pescadores japoneses na verdade se aproveitam do vazio legal da CBI para que a carne das baleias acabe nos pratos dos japoneses.

A Islândia também faz um pequeno "programa científico" de caça às baleias. A Noruega, no entanto, ignora completamente a moratória.

Para os países baleeiros, em particular o Japão, a CBI não funciona exatamente por causa da moratória em vigor. Por isso, querem que a organização retome a determinação para a qual foi criada em 1946, que era simplesmente regular a indústria baleeira.

Dividida em dois grupos de peso igual, a CBI agora está paralisada e nenhuma das duas partes é capaz de mudar a postura da outra.

O debate sobre a moratória se tornou tão emocional e político que alguns observadores se perguntam sobre a sobrevivência da CBI, sobretudo quando o Japão se propõe a analisar com seus aliados como fazer avançar seus interesses antes da próxima reunião, em maio de 2007, no Alasca.

Alguns suspeitam que o objetivo último de Tóquio é acabar com a CBI e criar uma organização paralela, mais parecida com um clube baleeiro do que um organismo de regulamentação.

"O que querem é ter sua própria versão da CBI, sem transparência e medidas cautelares", disse Kitty Block, da organização americana Human Society.

O Japão, por sua vez, garante que quer permanecer na CBI, mas diz que quer reformá-la para torná-la viável. A tarefa de salvar a dividida entidade recairá sobre o americano Bill Hogarth, eleito presidente da comissão na terça-feira.

Embora seja favorável à manutenção da moratória, os Estados Unidos são considerados mais pragmáticos do que Austrália, Grã-Bretanha e Nova Zelândia, e para muitos são os únicos capazes de ajudar a CBI a superar esta crise.

A causa dos países baleeiros contou com o apoio de novos membros da CBI, como Camboja, Ilhas Marshall, Mali, Gâmbia e Togo, o que segundo alguns observadores mudou a dinâmica da organização.



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