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Conferência discute estratégias de combate ao aquecimento
Da AFP
07/11/2006 | 17:01
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Delegados da Conferência das Nações Unidas sobre o Clima debateram nesta terça-feira como enfrentar o aquecimento global em meio aos crescentes alertas sobre seus efeitos na vida humana, no meio ambiente e no patrimônio mundial.

No segundo dia da conferência, celebrada na capital queniana, os participantes expressaram otimismo em declarações feitas em conversas iniciais, mas reconheceram que há muito trabalho pesado pela frente, enquanto buscam formas de cooperar e colaborar para reduzir as ameaças.

"Foi um começo muito bom", disse Yvo de Boer, secretário-executivo da 12ª Conferência-marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC, na sigla em inglês), destacando os numerosos comunicados positivos de alguns dos 189 países participantes do evento.

A conferência de dois dias é celebrada em conjunto com a segunda reunião de signatários do Protocolo de Kyoto, um anexo à convenção da ONU que pretende reduzir as emissões de gases de efeito estufa por países industrializados.

O tratado, que foi evitado pelo principal poluente mundial, os Estados Unidos, e não cobre rapidamente países em desenvolvimento, expira em 2012 e os delegados analisam como substituí-lo.

Autoridades disseram que a proposta russa de trazer voluntariamente para Kyoto países isentos como China, Índia e Brasil, foi discutida, mas deram poucos detalhes do projeto.

Kyoto entrou em vigor em fevereiro de 2005 com a intenção de levar os países industrializados a se comprometer a manter suas emissões de gases causadores de efeito estufa a uma média de 5% abaixo dos níveis de 1990 até 2012. De Boer elogiou "as intervenções muito construtivas" sobre um tratado pós-Kyoto feitas por União Européia, Japão, Noruega e Brasil, que sofreu uma pressão particular dos ambientalistas para controlar suas emissões.

"Os países industrializados afirmam que já sentiram os efeitos da mudança climática, inclusive a Europa", disse, falando sobre o consenso crescente para uma ação adicional e urgente conduzida pelos países ricos para enfrentar o problema.

Mas alguns grupos ambientalistas reclamaram que os delegados ficaram muito atrás de um prazo para garantir que um novo protocolo global sobre o aquecimento exista quando o de Kyoto expirar.

"Temos uma pequena janela aqui para garantir que não haja abismo entre a expiração do tratado de Kyoto e seu sucessor", disse Hans Verolme do Fundo Mundial para a Natureza (WWF).

"Esta conferência não está no caminho certo para alcançar este resultado", disse.

Apesar de destacar o progresso europeu em reduzir as emissões em 14%, Lars Muller, da Comissão Européia, fez soar o alarme para medidas adicionais.

"A mudança climática está acontecendo e acelerando, causando sérios impactos econômicos e sociais", afirmou.

Cientistas afirmam que a temperatura da Terra já subiu 0,7 grau Celsius desde 1900 e Muller alertou que uma elevação para mais de 2 graus causaria impactos "perigosos e em larga escala", afetando bilhões de pessoas.

A elevação dos níveis do mar e das temperaturas dos oceanos, juntamente com outras calamidades que alguns associam com o aquecimento global, tais como enchentes e furacões, já causaram danos maciços no mundo em desenvolvimento.

Mas eles também ameaçam alguns dos povos mais vulneráveis do mundo, as populações miseráveis da África, o continente em maior risco, junto com centenas de locais históricos e culturais, segundo estudos publicados nesta terça-feira.

Entre os africanos, moradores de Burundi, Ruanda, Etiópia, Eritréia, Níger e Chade são os mais ameaçados pela mudança climática, segundo o Instituto Internacional de Pesquisa de Pecuária (ILRI, na sigla em inglês).

"A situação é alarmante e não apenas com relação à mudança climática", segundo a ILRI. "Também é alarmante por causa da densidade populacional e da degradação dos recursos naturais".

Enquanto isso, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), que organiza a conferência em seu quartel-general queniano, alertou que muitos tesouros culturais reconhecidos internacionalmente estão ameaçados.

Dos recifes de coral na costa de Belize às salas de concerto barrocas na República Tcheca e em Veneza, o Pnuma informou que os efeitos da mudança climática estão pondo em risco locais admirados por milhões de pessoas.

"A adaptação à mudança climática deve e precisa incluir locais cultural e naturalmente importantes", destacou o chefe do Pnuma, Achim Steiner.



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