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Rodoanel pode enterrar obra na Tibiriçá
Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
06/01/2005 | 14:41
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A construção do Rodoanel pode inviabilizar as obras na rodovia Índio Tibiriçá. Como a rodovia da morte corre paralela ao traçado do Rodoanel, ela deve perder cerca de 50% dos 18 mil veículos que passam diariamente pela estrada. O Rodoanel cumprirá com muito mais eficiência o papel da Índio Tibiriçá hoje, de ligar a Anchieta à Dutra. À Tibiriçá deverá restar apenas o tráfego local. Motivo pelo qual o governo do Estado não deve, mais uma vez, colocar a obra da perigosa rodovia na lista das estradas estaduais prioritárias.

Na próxima semana, o governo anuncia um pacote de obras em estradas estaduais. No orçamento de 2005 da Secretaria Estadual de Obras não há verba específica para as obras na rodovia. Se alguma intervenção for feita neste ano, será por conta de uma verba do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Para o pacote de obras, o governo pede um financiamento de US$ 120 milhões. Valor que há dois anos, quando foi feito o pedido ao banco, era equivalente a cerca de R$ 420 milhões e que com a variação do dólar atualmente não vale mais do que R$ 350 milhões. Motivo pelo qual o governo terá de abandonar alguns projetos incluídos no pacote original.

Até a próxima semana, o governo do Estado não se manifesta sobre o pacotão. No fim do ano passado, o secretário estadual dos Transportes, Dario Rais Lopes, desconversava. “Dependemos da liberação do financiamento com o BID. A negociação está sendo feita em Brasília pelo governo federal, e não sei em que pé estão as conversações”, afirmou.

Há 27 anos há promessas de duplicação de trechos da rodovia, construção de passarelas e rotatórias de acesso às cidades. A Tibiriçá sempre ficou para segundo plano. Para as obras, são necessários R$ 32 milhões.

“Uma obra não anula a outra. Elas se complementam”, acredita Renato Maués, coordenador técnico do grupo de Transportes do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC. “Independente do Rodoanel, é fundamental garantir a segurança da Índio Tibiriçá”, completa o secretário-adjunto de Obras e Serviços Públicos da Prefeitura de Santo André, Epeus Pinto Monteiro.

A estrada tem buracos e desníveis na pista, que muitas vezes chegam aos dez centímetros e a tornam intrafegável. A falta de segurança coloca a rodovia entre uma das campeãs em número de acidentes. No ano passado, de janeiro a novembro, foram 434 colisões. Média superior a um choque por dia. O saldo dos acidentes não é menos impressionante: 33 pessoas feridas e 16 mortas durante 2004.

No projeto de recuperação da rodovia está prevista a duplicação de oito trechos da estrada (de 1km cada) para que possa haver ultrapassagem de veículos, além da construção de nove rotatórias, que darão acesso a bairros.

“A Índio é uma rodovia antiga, com algumas peculiaridades. Ela tem uma única faixa de rolamento e diversas entradas e saídas para bairros, o que traz risco aos usuários”, diz o capitão Louviral da Silva Júnior, comandante da 1ª Companhia da Polícia Rodoviária, responsável pelas estradas do Grande ABC.

Futuro – A construção do trecho Sul do Rodoanel está prevista para começar em junho e terminar em 2008. O próximo trecho, Leste, é o que vem depois. Trecho que ligará a Anchieta à Dutra e que deverá colocar a Tibiriçá no papel de coadjuvante, atuando como pista marginal.

O assunto desagrada diretamente Ribeirão Pires, município cortado pela rodovia. “É uma estrada importantíssima para o ABC. Se necessário, levaremos a discussão ao Consórcio para termos mais força perante o governo do Estado e exigir sua melhoria”, diz o prefeito de Ribeirão Pires, Clóvis Volpi (PV).



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