Economia Titulo Fator Previdenciário
Governo quer elevar idade para aposentar
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
03/07/2012 | 07:04
Compartilhar notícia
Claudinei Plaza/DGABC


 

Centrais sindicais e entidades dos aposentados, que já contavam com a troca do fator previdenciário pelo fator 85/95, agora veem motivos para preocupação: o governo deu marcha ré na possibilidade de aceitar essa substituição e acena com a ideia da idade mínima, ou seja, mesmo que o trabalhador contribua por mais de 35 anos, só se aposentaria aos 65 anos de idade (ou mais, já que também há intenção de elevar para 75 anos para o homem e 65 para a mulher).

Hoje, a Força Sindical realiza ato religioso no Salão Verde da Câmara dos Deputados, em Brasília, para chamar a atenção dos parlamentares para a necessidade de votar o fim do fator previdenciário. O presidente interino da Força, Miguel Torres, afirma que a reviravolta na posição do governo surpreendeu e a intenção da entidade é realizar série de mobilizações, para os quais espera apoio de outras centrais. "A idade mínima prejudica quem começa a trabalhar cedo", diz.

A CUT também deve se mobilizar, afirma o presidente da entidade, Arthur Henrique. "(Essa ideia) consolida a diferença entre o rico e o pobre e prejudica os mais necessitados, que têm de começar a trabalhar mais cedo. Continuamos defendendo o fim do fator previdenciário. Somos a favor da fórmula 85/95 que há três anos discutimos com as centrais, o governo e o Congresso", afirma. Ele acrescenta que a intenção de elevar a idade para 75 anos não tem cabimento. "O trabalhador vai morrer antes de se aposentar".

Outros dirigentes de entidades de aposentados também mostram indignação. "O filho do pobre começa a trabalhar cedo. Quem ingressa no mercado aos 20, teria de contribuir por 45 anos", observa o presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, da Força Sindical, João Inocentini. "Somos contra o fator (previdenciário) e queremos sua extinção. Por idade, a Cobap (Confederação Brasileira dos Aposentados) não aceita", diz o secretário-geral dessa entidade, Luiz Legñani.

O diretor de relações institucionais da Associação dos Aposentados do Grande ABC, Luís Antônio Rodrigues, afirma que não está clara qual será a proposta encampada pelo governo, que pode apoiar o modelo 85/95 para quem está na ativa e a aposentadoria por idade para os que ainda não estão no mercado, e o que está ruim, pode ficar pior.

 

Sistema atual gera perda de até 40% ao trabalhador

 

O trabalhador que se aposentar hoje aos 50 anos, depois de 35 anos de trabalho (no caso de quem começou aos 15 anos, como aprendiz, por exemplo), o valor a receber é 40% menor do que a média das contribuições. Já no caso do modelo 85/95, perderia só 10%. É o que aponta levantamento exclusivo para o Diário feito pela Conde Consultoria Atuarial. No caso de quem se retira da ativa com 53 anos, após 37 anos de trabalho (começou no batente, portanto, aos 16), a diferença também é grande. A perda, pela regra atual, é de 30%, enquanto na proposta das centrais, fica em 5%. E para os que param aos 56 anos, com 39 anos de contribuição, o benefício é integral pela fórmula 85/95.

O consultor Newton Conde assinala que, em alguns casos, o fator previdenciário pode até ser mais interessante: por exemplo, quem parou aos 62, com 42 de emprego (trabalhou desde os 17) ganha 23% acima da média de suas contribuições, enquanto pela regra proposta, o valor será só 12% maior. "Mas para quem se aposenta mais cedo, o fator 85/95 é mais interessante", diz.

 

 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;