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Prefeito de Londrina é acusado de 'desmoralizar' vereadores
Do Diário do Grande ABC
04/05/2000 | 16:53
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O prefeito de Londrina (PR), Antônio Belinati (PFL), quer "desmoralizar os vereadores para impedir sua cassaçao", afirmou nesta quinta-feira o presidente da seçao local da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Lauro Zanetti, sociedade que integra, junto com mais de 70 entidades de classe e sindicatos, o Movimento pela Moralizaçao da Administraçao Pública.

A afirmaçao de Zanetti foi feita um dia depois de a vereadora Elza Correia (PMDB) ter sido acusada pelo ex-funcionário público Márcio Sanches de se apropriar de parte do salário dele para financiar a campanha para à Câmara, em 1996.

Belinati está sendo investigado pelo Ministério Público (MP) pelo desvio de dinheiro da prefeitura, parte do qual foi empregado para eleger o filho dele Antônio Carlos (PFL) como deputado estadual e reeleger a mulher Emília Belinati (PTB) como vice-governadora. O MP comprovou até agora o desvio de R$ 16 milhoes, mas, segundo o promotor de Investigaçoes Criminais Cláudio Esteves, o total pode passar R$ 100 milhoes. Um dos envolvidos na fraude, Eduardo Alonso, calculou que o desvio pode ser superior a R$ 200 milhoes.

Elza foi acusada por Sanches de ficar com R$ 1 mil do salário dele para financiar a campanha eleitoral dela, quando ele trabalhava na Secretaria da Mulher da prefeitura. Os dois eram membros do PC do B, partido que Elza trocou recentemente pelo PMDB. "Por quê esperar tanto tempo para fazer essa denúncia?", questionou nesta quinta-feira a vereadora. Foi ela quem, em fevereiro de 1999, pediu ao MP para que investigasse o esquema de desvio de dinheiro da prefeitura. Sanches foi expulso do PC do B, que o acusa de ter apoiado Belinati em troca de um cargo no Conselho de Administraçao do Serviço de Comunicaçoes Telefônicas de Londrina (Sercomtel).

A denúncia contra a vereadora foi feita terça-feira e coincidiu com a recusa do presidente da Câmara, Renato Araújo (PPB), aliado do prefeito, de submeter ao plenário o pedido de abertura de uma nova comissao processante (CP) contra Belinati. O prefeito responde a uma comissao que investiga gastos excessivos e promoçao pessoal na inauguraçao, em 1999, do Pronto Atendimento Infantil.

O pedido de outra comissao, feito em fevereiro pelo Movimento pela Moralizaçao da Administraçao Pública, nao foi votado até agora, apesar de o Tribunal de Justiça (TJ) ter revogado a liminar que impedia o início dos trabalhos. O juiz da 5.a Vara Cível, Alberto Júnior Veloso, deu sentença nesta quinta-feira favorável à abertura da comissao.

Um grupo de seis vereadores do bloco de apoio ao prefeito foi acusado por Belinati de exigir dinheiro para votar favoravelmente a ele no fim dos trabalhos da comissao. O prefeito entregou ao MP uma fita de vídeo na qual os vereadores Orlando Bonilha (PDT) e Jacy Aguiar (PPB) pedem entre R$ 100 mil e R$ 200 mil para preservar o mandato dele. Bonilha presidia a CP e renunciou ao cargo. A OAB, segundo Zanetti, vai entrar com um mandado de segurança contra o presidente da Câmara por considerar que o arquivamento do pedido de criaçao de uma nova comissao foi "arbitrário, autoritário e ilegal".




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