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Campos afirma que apoio do PTB ao PSDB é de 95%
Beto Silva
Do Diário do Grande ABC
08/05/2010 | 09:05
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O presidente estadual do PTB, deputado Campos Machado, afirmou ontem que tem 95% de controle sobre o partido e que sua posição é estar ao lado do PSDB na campanha para o governo de São Paulo nas eleições deste ano. A declaração ocorreu após encontro "de carinho e respeito" com o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), no Paço.

Nos últimos dias, o PT tem se aproximado do PTB para tentar convencer a cúpula da legenda a liberar o vice-prefeito Frank Aguiar (PTB) a compor como candidato a vice-governador a chapa petista encabeçada por Aloizio Mercadante na disputa pelo governo paulista.

Mas Campos, Marinho e Frank saíram pela tangente e não comentaram abertamente o resultado da conversa de ontem. "Não tratamos de assuntos políticos, embora vocês (jornalistas) possam até não acreditar. Passamos por alto pela política, muito por alto. É uma visita de extrema cortesia", discorreu o líder petebista, para em seguida fazer panorama acerca da situação da sigla antes do encontro.

"Já disse há dez dias e a posição é a mesma: 95% do partido está comigo. A possibilidade (de manter apoio ao PSDB) é grande. Só que em política existem conversações, diálogo, eu não posso prever o futuro", salientou Campos Machado.

Sobre as conversas entre PT e PTB, que em 2008 culminaram na definição de Frank Aguiar como vice-prefeito de Luiz Marinho, evoluírem para o mesmo destino neste ano, Campos Machado foi reticente. "Acabou essa época que o PTB coibia coligações com o PT (nos municípios). Somos adversários (em âmbito estadual), são inimigos. Temos posições diferentes."

Frank Aguiar, por sua vez, esquivou-se. "Vamos ficar com a fala dos grande líderes".

PRESSÃO - Ventila-se que a reunião entre as lideranças petistas e petebistas visou pressionar outros partidos para alinhar parcerias que atualmente estão embaraçadas.

No caso do PTB, o partido está fora do chamado G-4 (grupo que lançará candidaturas coligadas a governador, vice e duas a senador, sob o comando do PSDB, com participação do DEM e do PMDB). Já o PT quer que o PSB desista da pré-candidatura de Paulo Skaf ao Palácio dos Bandeirantes para apoiar Mercadante.

Mas Campos e Marinho rechaçaram essa hipótese de encontro com segundas intenções. "Não vim aqui mostrar minha preocupação nem pressionar o PSDB, muito menos o Marinho pressionar o PSB. É uma conversa de gente grande, onde não há truques, não há passos mandraquianos. O diálogo que tive, e posso voltar a ter, é de respeito ao partido dele e ao meu partido", explicou o petebista.

"O PSB tem lugar na aliança. O PT coloca claramente que está aberto para ampla aliança, diferente de outros períodos, quando tínhamos dificuldade de fazer essa interação partidária", frisou Marinho.

Parceria pode ser para eleições futuras

Se o encontro de ontem entre as lideranças do PTB e do PT não tiveram resultados práticos - ao menos nas declarações expressadas publicamente -, a reunião pode ter sido o primeiro passo para que os dois partidos caminhem juntos em futuras eleições.

No pleito deste ano, é quase nula a chance de o PTB deixar o apoio à candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) ao Palácio dos Bandeirantes. Mas para as próximas corridas eleitorais, a legenda de Campos Machado quer ser protagonista, como o próprio comandante paulista da sigla tem reiterado em seu discurso nos últimos meses.

Ontem, não foi diferente. "Pode ter acordo futuro para outros anos, que não seja este. Quem sabe 2012, 2014, 2016...", enfatizou o deputado Campos Machado.

Luiz Marinho foi na mesma esteira, mas continuou confiante na parceria ainda para 2010 . "A disputa (eleitoral) deste ano, seja ela presidencial ou nos Estados, tem muita coisa indefinida ainda. Essas conversas vão acontecer naturalmente. O Campos é um líder, mestre na política, um sábio, e vamos conversar muito até porque nos ensina bastante", destacou o petista.

"Todos os partidos vêm se movimentando bastante, é muito natural nesse momento. Nós construímos em São Bernardo (em 2008), por exemplo, uma ampla aliança inimaginável para muita gente", concluiu o chefe do Executivo, ao lembrar da aglutinação de 11 siglas, maior arco de alianças conquistado pelo PT na história da cidade, berço da legenda.

Vice garantiria secretaria a Primavera

A remota possibilidade de Frank Aguiar (PTB) integrar a chapa petista que concorre ao governo do Estado como vice de Aloizio Mercadante abre espaço para outros petebistas da região projetarem cargos no Palácio dos Bandeirantes. Caso a coligação com o PT seja realmente concretizada, políticos próximos ao vice-prefeito de São Bernardo poderiam pegar carona no prestígio e na popularidade do cãozinho dos teclados.

O número um da lista seria o vereador de Santo André Gilberto do Primavera. O parlamentar, que é pré-candidato a deputado estadual, já havia anunciado que faria dobrada com Frank (inicialmente pré-candidato a federal) nas eleições de outubro. A mudança nas intenções do forrozeiro não altera os planos de Primavera para o pleito, mas permite projeções para o ano que vem.

O próprio vereador é quem dá a dica. "Eu e Frank somos muito próximos. Se ele for eleito vice-governador pode acabar pintando o convite para eu assumir uma secretaria de governo", revela, ao garantir que não abre mão da candidatura à Assembleia Legislativa.

Indagado sobre qual seria a Pasta, Primavera (que esteve na reunião de ontem com Frank, Marinho e Campos Machado) é enfático. "Desenvolvimento". O curioso é que o parlamentar ingressou na política recentemente, na campanha eleitoral de 2008. A pouca bagagem seria suprida pela experiência adquirida ao longo dos anos em que atuou na administração de empresas.

Entre os nomes que já estiveram à frente da Secretaria de Desenvolvimento estão Luiz Carlos Bresser (que posteriormente, como ministro da Fazenda de José Sarney, implantou o Plano Bresser), o presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo e o governador Alberto Goldman. O ex-governador Geraldo Alckmin deixou a Pasta em abril para tentar voltar a comandar o Palácio dos Bandeirantes. (Mark Ribeiro)




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