O grupo que já invadiu o local em duas ocasiões e foi retirado com o auxílio da Polícia Militar e da Guarda Municipal – as invasões foram no dia 24 de janeiro e na última sexta-feira – está decidido a ocupar as casas de qualquer maneira. “Vamos ficar aqui até conseguirmos um lugar para morar. Não temos para onde ir”, disse ontem o desempregado José Roberto Silvério, 35 anos.

Dois integrantes da Guarda Municipal permanecem 24 horas em frente ao núcleo habitacional para inibir a ocupação irregular. Logo após a primeira invasão, foram colocados tapumes de madeira para cercar o local. Todas as medidas, porém, parecem não assustar o grupo.

As casas do núcleo habitacional estão sendo construídas para abrigar os moradores das áreas de risco da favela Tamarutaca. Os invasores, na maioria desempregados que alegam não ter condições de pagar aluguel, não se conformam com o destino das moradias.

“Não acho certo trazer gente da favela, se tem pessoas no bairro que precisam também”, reclamou o vendedor Newton Neves, 33 anos, que disse não poder pagar o aluguel de R$ 200. “Gasto quase a metade do que ganho com aluguel. Não dá para sustentar duas crianças com o que sobra”, contou.

O grupo se reveza no acampamento em frente ao núcleo habitacional. “Quem precisa ir trabalhar passa o dia fora e retorna à noite. Por isso, a próxima invasão será de madrugada, quando todos estão reunidos na calçada. Não vamos desistir por nada nesse mundo”, disse a aposentada Deise Santos, 33 anos.