O cardápio era carne assada, arroz à grega, salada e, de sobremesa, sorvete e gelatina. Era o almoço especial de Natal. A população era a de sempre: adultos em situação de rua que costumam ir ao Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) Casa Amarela de Santo André para tomar café, jantar, tomar banho ou receber outro atendimento gratuito.

"O fim do ano ressalta o espírito de fraternidade das pessoas. Aqui, por exemplo, podemos ver todos trabalhando juntos, em harmonia", disse o secretário de Inclusão Social, o padre Antônio Silva, referindo-se aos grupos voluntários de várias igrejas que cozinhavam as cerca de 100 almoços. O Creas serve café da manhã e jantar todos os dias. Quem quiser, pode ir ao local retirar um ticket para almoçar gratuitamente no restaurante popular do governo do Estado, o Bom Prato.

Ademir de Oliveira Barros, 51 anos, adorou o almoço. "Não tenho do que reclamar, a comida estava muito boa." Depois que se divorciou e a mulher foi morar no interior do estado, Ademir morou um tempo com um irmão, em Santo André. "O problema é que eu gosto de tomar a minha cachacinha e nenhum dos meus irmãos bebe." Ele resolveu ir morar num albergue.

Um dos exemplos do Creas é Ismael Bittencourt, 61. Alcoólatra, foi internado duas vezes em clínicas para tratamento, mas saiu e foi morar na rua, onde ficou por seis anos. Uma das educadoras sociais o encaminhou para a Moradia Masculina Provisória do Parque Miami, onde se tratou do alcoolismo e aprendeu um ofício: o artesanato. Atualmente, Ismael dá oficinas no Creas Casa Amarela. "Eu ensino e conto um pouco da minha história e sofrimento", disse, simpático.