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ABS completa dez anos no Brasil
Percy Faro
Especial para o Diário
07/08/2001 | 19:29
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O sistema de freio ABS está completando dez anos de vida no Brasil. O pioneirismo em equipar veículos de série com esta tecnologia coube à Autolatina, nome que identificou a joint venture formada pela Volkswagen e Ford nos anos 80/90. Em novembro de 1991, o consumidor brasileiro conheceu o primeiro automóvel nacional dotado de freio ABS, o então novo Volkswagen Santana. E já no mês seguinte chegou ao Ford Versailles.

O segredo da alta segurança do freio ABS é simples. Eletronicamente, o sistema impede o travamento das rodas, independentemente da pressão exercida pelo motorista sobre o pedal. Há dez anos, todas as demonstrações da avançada tecnologia conduziram a essa constatação.

Na época, um teste de frenagem de máximo desempenho – que reflete a realidade em muitas ocasiões – foi realizado na pista da Base Aérea de Pirassununga, no interior do Estado, pelo Departamento de Engenharia da Autolatina. Para criar uma situação extremamente adversa, a pista foi encharcada com 3 mil litros de água e mais de 300 litros de sabão em pó. Dois carros, um equipado com freio ABS e outro com freio convencional, trafegaram a 100 km/h.

Para os dois motoristas, a tarefa foi exatamente a mesma: ao perceberem um obstáculo à frente, instintivamente pisaram forte no pedal de freio e, sentindo que não seria possível evitar a colisão, giraram o volante para mudar a trajetória do automóvel.

O veículo sem freio ABS, ao ser freado, travou imediatamente as rodas, a trajetória não foi mantida conforme o desejado e a colisão aconteceu após o carro deslizar por 40 metros. O outro, equipado com ABS, teve as rodas controladas eletronicamente, não travaram, a trajetória foi mantida (mesmo em curva) e o deslizamento do veículo, até a total imobilidade, ocorreu por apenas 34 metros – uma distância cerca de 30% inferior à do primeiro carro. Comprovou-se, dessa forma, a eficiência da moderna tecnologia, já que foi dada à pista condições idênticas às de uma rua de paralelepípedos em dia de chuva – situação que apresenta o mais baixo nível de aderência.

O sistema ABS é composto por uma unidade de comando eletrônico com até quatro microprocessadores que recebem informações de sensores indutivos instalados nas rodas. Eles captam o aumento ou a diminuição da velocidade e identificam com precisão absoluta o momento em que as rodas tendem a se travar.

A unidade de comando avalia os sinais captados e regula a pressão dos cilindros do freio para atingir o deslizamento mínimo das rodas, que possibilita uma frenagem ideal, dentro de limites físicos seguros. Assim, por meio dos dados recebidos, a unidade evita definitivamente o bloqueio das rodas.

A introdução do sistema ABS no Brasil teve um significado expressivo, considerando-se o elevado número de acidentes de trânsito. Em 1990, segundo levantamento da Polícia Rodoviária Federal, ocorreram 61.239 acidentes, que provocaram 5.115 mortes e 38.498 feridos, em um total de 100 mil veículos envolvidos. A realidade, entretanto, era bem mais triste, quando somados os acidentes em geral (estradas e cidades). As estatísticas, na época, apontavam para 50 mil mortos e 350 mil feridos/ano no país – panorama que não sofreu mudanças significativas até os dias de hoje.




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