Pela primeira vez desde a passagem do furacão Katrina, em 29 de agosto, todos os moradores de Nova Orleans (Louisiana), com exceção dos residentes de um bairro pobre totalmente destruído, voltaram às suas casas nesta quarta-feira.

Fernando Calix, no teto de sua residência em Lake View, descreveu um cheiro "horrível" quando chegou à cidade pela manhã. "Era um cheiro de morte", afirmou. Proprietário de um restaurante, Calix perdeu seu estabelecimento na catástrofe e trabalha agora limpando casas. "Muitas carreiras mudaram", conformou-se.

Depois do retorno dos comerciantes, iniciado na semana passada, os moradores de Nova Orleans haviam sido incentivados pelo prefeito da cidade, Ray Nagin, a "avaliar os danos e ir embora" devido à precariedade das condições materiais, que prevalece na maior parte dos bairros de Nova Orleans, sem água potável nem eletricidade.

Enquanto os moradores se equipavam com botas, mantimentos, água potável e pilhas para voltar às próprias casas, as autoridades da cidade declararam não dispor de estimativa sobre o número de retornos, nem sobre o número de pessoas que pretendem ficar em suas moradias, danificadas pelas inundações.

Nos bairros do leste de Nova Orleans, a companhia dos Correios anunciou a reabertura de duas agências. No entanto, no nono distrito, região que permanece interditada, a conselheira municipal Cynthia Willard-Lewis se lamentava: "Isso vai além da frustração, não é justo. É extremamente desalentador ver que algumas partes da cidade já estão repovoadas e que os demais habitantes não estão autorizados a retornar às suas casas", queixou-se.

Demissões- As primeiras conseqüências financeiras imediatas da tragédia apareceram na terça-feira, com o anúncio do prefeito Ray Nagin de que metade dos funcionários municipais, ou seja 3 mil pessoas, serão demitidas durante o mês de outubro. A onda de demissões não afetará os serviços de bombeiros, polícia, emergências médicas e esgotos.

A governadora da Louisiana, Kathleen Blanco, pediu ao presidente George W. Bush que modifique as leis para permitir a utilização de fundos federais para o pagamento dos funcionários locais. Ela também solicitou que fossem priorizados os habitantes da região na contratação de pessoas para os trabalhos de limpeza e reconstrução.