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Nem pênaltis tiram Corinthians do jejum
Fernão Silveira
Do Diário OnLine
21/01/2001 | 20:40
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Assim como ocorreu com o Botafogo no meio da semana, o Corinthians deixou escapar neste domingo uma vitória que parecia fácil e cedeu o empate por 3 a 3 para o Rio Branco de Americana, no Pacaembu, pela rodada inaugural do Paulistão 2001. Mas, conforme determina o regulamento da competição, os empates "não existem" e o Timão acabou derrotado por 2 a 1 nas cobranças de pênaltis, ficando com apenas um ponto - referente ao empate com gols (O Rio Branco ganhou dois: um pelo empate e outro pela vitória nos pênaltis).

O técnico Dario Pereyra, em sua segunda partida à frente do Corinthians, não conseguiu assim livrar a equipe da sina de 120 dias sem vitórias - um jejum de 15 partidas (12 derrotas e três empates) que já custou a degola de dois outros treinadores: Vadão (hoje no São Paulo) e Candinho (atualmente desempregado). Desde 24 de setembro, quando o Timão fez 1 a 0 na Ponte Preta, pela Copa João Havelange, a Fiel torcida não consegue comemorar uma vitória.

Assim como ocorreu com o jogo do meio de semana, pelo Rio-São Paulo, o Corinthians esteve melhor tecnicamente durante a maior parte do tempo. Contra o Rio Branco, a equipe paulistana teve 30 minutos (os 15 iniciais de cada etapa) de um futebol encantador: toques rápidos, arrancadas perigosas, finalizações certeiras e defesa sólida. Mas os 60 minutos restantes foram um retrato da ausência de uma pré-temporada bem trabalhada: lentidão, cansaço, erros de passe e, principalmente, finalizações.

Nem o retorno de Marcelinho Carioca, recuperado de problemas no tornozelo, salvou o Corinthians. Mas, se Ricardinho e Rogério esbanjaram falta de fôlego e Gil teve uma atuação humilde ao lado de Luizão, o zagueiro Ávalos foi a melhor peça de Dario em campo. Especialmente no primeiro tempo, quando atuou pela zaga central, o argentino mostrou personalidade e técnica para cobrir as costas do fraco Índio e a marcação ineficiente de Rogério.

Disposto a acabar de vez com a ausência de vitórias, o Corinthians abriu o placar no primeiro lance da partida, aos 47 segundos. Ricardinho cobrou escanteio da esquerda, Maxsandro afastou no primeiro pau e deu chance para Marcelinho, também de cabeça, ajeitar para a conclusão precisa de Luizão, testando à direita do goleiro Gustavo.

Sobrando em campo, o Corinthians envolvia o Rio Branco na base dos toques rápidos e dava a impressão de que sairia do jejum de barriga cheia. Aos 9, dois minutos depois de quase ampliar em uma cabeçada colocada no ângulo, o jovem Gil finalizou com sucesso um lance iniciado na intermediária, pela arrancada de Márcio Costa. O volante invadiu a área em velocidade e rolou para Marcelinho na esquerda, que só ajeitou para a batida colocada de Gil, indefensável.

Com a diferença aberta em tão pouco tempo, o time de Dario Pereyra pisou no freio e foi abrindo espaços para o Rio Branco. Especialmente pela direita, no corredor formado com as falhas de Índio e Rogério, o atacante Reinaldo e o lateral Marquinhos começaram a levar perigo. E foi justamente em um lance trabalhado pelos dois que saiu o primeiro gol do time de Americana, aos 39.

Marquinhos cruzou da direita para a cabeçada certeira de Reinaldo, no meio da área. Renato, pego no contra-pé, fez bela defesa e colocou pela linha de fundo. Na cobrança de escanteio, Rafael colocou na cabeça de Djair, que escorou cruzado para o canto direito de Renato.

No intervalo, Dario sacou Scheidt, que não comprometia, para colocar Fábio Luciano e trocou André Luiz, com problemas físicos, para a entrada de Kléber. A mexida na zaga ajudou o Rio Branco, que explorou as deficiências de Fábio Luciano para descer com mais contundência ao ataque e chegar ao empate.

Logo aos 2, Marquinhos desceu pela direita e levou a marcação de Fábio Luciano, centrando na área para Reinaldo. O atacante dominou entre três corintianos e tocou colocado no canto direito de Renato.

Depois do choque do empate, o Timão voltou a produzir com eficiência e repetiu a boa atução do começo do primeiro tempo. Marcelinho e Luizão tiveram boas chances, mas o Corinthians só desempatou aos 7.

Ricardinho aproveitou um erro na saída de bola do Rio Branco e passou para Luizão, que driblou Gustavo e só tocou para o gol vazio. A partir daí, Ricardinho começou a abusar dos erros de finalização e perdeu pelo menos dois lances claros para ampliar, chutando sempre rente à trave.

O empate definitivo do Rio Branco nasceu de um erro do árbitro Sálvio Espínola Fagundes Filho, que deu prosseguimento em um lance no qual Gil foi derrubado dentro da área. Sem o pênalti marcado, Anaílson arrancou em velocidade no contra-ataque e chutou cruzado na saída de Renato, aos 30.

Desanimado e cansado, o Corinthians caiu de produção e não conseguiu desempatar novamente. Com o resultado, o ponto extra - ambas as equipes já haviam ganho um com a igualdade em 3 a 3 -, foi decidido nos pênaltis e o goleiro Gustavo fez a diferença.

Marcelinho converteu o primeiro, Rafael empatou. Ricardinho, para fechar a má exibição, cobrou fraco no canto esquerdo, permitindo a defesa de Gustavo. Anaílson converteu o segundo para o Rio Branco. Luizão encerrou a série chutando à meia altura, no canto direito, para Gustavo voltar a impedir, garantir os dois pontos do empate com gosto de vitória fora de casa.

Insatisfeita, a Fiel torcida saudou Dario Pereyra e seus comandados aos gritos de "burro" e "timinho", aproveitando a ocasião para pedir mais empenho da equipe.

O Corinthians volta a jogar na quarta-feira à noite, contra o Flamengo, pelo Torneio Rio-São Paulo, no Pacaembu. O próximo compromisso pelo Paulistão é sábado, contra a Ponte Preta, em Campinas.




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