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O último episódio do 'Homem de Ferro' do Santo André
Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
06/12/2009 | 07:06
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Ele iniciou carreira no time de sua terra-natal, Uberlândia, em 1986. Hoje, 23 anos depois, o volante Fernando Henrique Mariano se despede oficialmente das chuteiras. "Chegou a hora, mas o mais legal é que estou parando por opção", afirma o jogador que, aos 42, anos pode considerar-se abençoado por ter conseguido alcançar carreira tão longa. "Graças a Deus o fato de não ter muitas lesões fez com que alongasse mais. E o engraçado é que a idade foi chegando e o que já era pouco cessou de vez", brinca o Homem de Ferro andreense quanto às raras passagens pelo departamento médico.

O palco da despedida, o Estádio Beira-Rio, é conhecido do personagem, que viveu dias de glórias no Internacional e, inclusive, conquistou o primeiro título estadual pelo clube gaúcho em 1997. Como ele próprio diz, a vida é recheada de "coincidências legais e essa é uma delas."

"O Inter me marcou. Foi o primeiro clube grande que defendi. E me lembro quando cheguei lá. O Figueroa (ex-jogador e então dirigente do clube) foi me receber no aeroporto e quando saí do desembarque vi torcedores me esperando. O interessante é que isso nunca aconteceu, ainda mais comigo, que estava vindo do Guarani. Então me marcou bastante", lembra.

Nas recordações, Fernando volta ao ano de 2007 e destaca a salvação do Marília do rebaixamento na penúltima rodada do Campeonato Paulista, situação semelhante e que pode se repetir hoje, com o Santo André, mas de outra forma.

"Nós perdemos o jogo (para a Ponte Preta, por 2 a 0) e pensamos estar rebaixados. Tinhamos de torcer por vários resultados e, no vestiário, soubemos que nossos adversários diretos tinham perdido. E aí não caímos. Isso sempre me marcou para nunca desistir enquanto não houver confirmação. Então acredito no Santo André até o fim pelo que já aconteceu. Temos de fazer nossa parte e entrar para ganhar. Depois a gente vê os outros (Botafogo e Coritiba)", afirma.

Hoje, no entanto, Fernando deve começar no banco de reservas. Sem dúvida estará mais nervoso fora do que se estivesse em campo. Dependendo do desenrolar do jogo, o técnico Sérgio Soares pode até prestar homenagem àquele que por tantas vezes vestiu a tarja de capitão do Santo André e foi o porta-voz do comandante em campo.

Para os dirigentes andreenses, foi um prazer contar com o volante nos três últimos anos e participar agora deste momento especial. "Para o Santo André é uma honra. Ele vai deixar saudade porque é um cara querido e em qualquer lugar que comparece sempre recebe carinho", comenta o vice-presidente da Gestão Empresarial, Romualdo Magro Júnior.

‘Futuro será no meio', garante o jogador

A aposentadoria ainda não está bem assimilada na cabeça de Fernando. Tanto que o jogador afirma que só pensará nisso depois do apito final da partida de hoje à tarde.

"Só vou pensar a respeito disso no voo de volta para São Paulo, sentado no avião. Aí sim vou planejar o futuro, mesmo porque ainda tem esse jogo e não posso estar com a cabeça em uma coisa e com o corpo em outra", diz ele, convicto de que a vontade é permanecer no meio do futebol, seja como treinador, dirigente ou até mesmo comentarista de televisão, rádio ou jornal.

"Quem joga no meio-de-campo ou na defesa tem visão mais tática do jogo do que em outra posições, então comentarista também é uma opção. Vou buscar alternativas. Tenho amigos empresários e vou fazer contatos para seguir nessa linha (dentro do futebol). Não custa nada pelo menos tentar", revela.

Propostas, aliás, não devem faltar, inclusive no próprio Santo André. "Se tiver vontade de ficar, tem cadeira cativa aqui", avisa o vice-presidente da Gestão Empresarial do Santo André, Romualdo Magro Júnior.

Para o jogador, o importante é não cair no ostracismo, maior vilão dos ex-jogadores. "Tem alguns que param de jogar e ficam em casa, mas o importante é buscar algo enquanto ainda está vivo na memória e tem mais probabilidade de conseguir um cargo porque está em evidência."

Outra coisa que Fernando não quer, de forma alguma, é voltar para Minas Gerais e trabalhar na fazenda. "Não conseguiria ficar lá só mandando os outrosfazerem. Ia querer ajudar também. Mas o trabalho é muito pesado. Então prefiro algo diferente", se diverte o jogador, entregue às gargalhadas.

Veterano vai torcer por título do Palmeiras

Fernando vestiu a camisa do Palmeiras entre 2000 e 2002, conquistou a Copa dos Campeões, o Torneio Rio-São Paulo e foi vice da Copa Libertadores. Hoje, apesar de também já ter defendido o Internacional, vai torcer pelo título alviverde, principalmente em função de a conquista gaúcha ter de passar obrigatoriamente pelo Santo André.

"Tem de ser o Palmeiras, por eu ter jogado lá e também pela situação, já que a gente tem de vencer o Inter. Como não gosto do São Paulo e nunca simpatizei com o Flamengo, porque fui criado em Uberlândia e em Minas Gerais tem muitos flamenguistas, que são muito chatos, vou torcer pelo Palmeiras mesmo", afirma o volante.

E, como não poderia ser diferente, a torcida maior é para deixar o Ramalhão na Série A, depois da complicada caminhada na Série B do ano passado, quando o time terminou na vice-liderança, atrás do Corinthians.

"Vivi momentos incríveis aqui no Santo André. Desde quando escapamos da queda em 2007 até a conquista do acesso no Paulista e no Brasileirão do ano passado. Chegou o momento de parar, mas espero deixar o Santo André na elite do futebol brasileiro", diz.

SONHO DISTANTE - No ano passado, enquanto a aposentadoria ainda era apenas um plano, Fernando declarou que antes de pendurar as chuteiras gostaria de jogar ao lado do filho, que até então jogava nas categorias de base do Santo André. No entanto, isso agora não passa de algo distante.

"Muito se falou sobre isso, chegaram até a dizer que eu queria disputar um campeonato inteiro ao lado dele, mas era só um jogo. A possibilidade existia quando ele jogava aqui, mas como já não está mais, é zero por cento de chance de acontecer", finaliza.




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