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Coréia do Norte realiza seu primeiro teste nuclear
Da AFP
09/10/2006 | 20:51
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A Coréia do Norte confirmou a realização de um teste nuclear bem sucedido - o primeiro do país - em uma nota difundida nesta segunda-feira pela agência oficial norte-coreana Korean Central News Agency (KCNA), ignorando os muitos pedidos internacionais para que desistisse do teste e uma advertência do Conselho de Segurança da ONU.

"O teste nuclear foi realizado com 100% de nossa sabedoria e tecnologia", informou a agência norte-coreana no início desta segunda-feira. "Nosso centro de ciência e pesquisa realizou de forma segura e bem sucedida um teste nuclear subterrâneo”, acrescentou. Segundo a agência, não houve vazamento de material radioativo.

O ministério da Defesa sul-coreano informou que o teste foi realizado em Hwadaeri, perto de Kilju, às 10h36 locais desta segunda-feira (22h36 de domingo, hora de Brasília).

Os serviços de inteligência sul-coreanos observaram um tremor sísmico com magnitude de 3,58 graus, sentido a partir da província de Hamkyong, no norte da Coréia do Norte, informou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores em Seul, Choo Kyu-ho.

O Serviço Geológico americano (USGS) também informou ter detectado um tremor de magnitude 4.2 graus na Coréia do Norte. Igualmente informou que o tremor foi localizado a 385 km a nordeste da capital, Pyongyang, 70 km ao norte da cidade de Kimchaek e 90 km a sudoeste de Chongjin.

Segundo o canal Fox, a China recebeu um alerta sobre o teste com 20 minutos de antecipação.

A Casa Branca condenou o teste nuclear norte-coreano, classificando-o de provocação, e exigiu uma ação imediata do Conselho de Segurança da ONU.

A China foi um dos primeiros países da região a reagir e, através de seu ministério das Relações Exteriores, condenou oficialmente o teste nuclear norte-coreano. "No dia 9 de outubro, a Coréia do Norte, ignorando a preocupação geral da comunidade internacional, conduziu um teste nuclear", afirma um comunicado oficial lido na televisão estatal.

Já o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, afirmou que o teste nuclear da Coréia do Norte é imperdoável.

O teste acontece quase ao mesmo tempo que o premiê japonês chegava a Seul para conversações com o presidente sul-coreano, Roh Moo-Hyun, que deveriam ter como centro a crise nuclear norte-coreana. Abe disse que trabalhará com a Coréia do Sul para avaliar sua resposta ao teste nuclear norte-coreano.

Ameaça – No último dia 3 de outubro, o regime comunista havia advertido que realizaria um teste nuclear se houvessem as condições de segurança requeridas.

Na ocasião, Pyongyang justificou o teste pela "ameaça extrema dos Estados Unidos de desencadear uma guerra nuclear", assim como "as sanções viciosas", impostas pelo Tesouro americano contra entidades norte-coreanas acusadas de lavagem de dinheiro.

 Histórico - A Coréia do Norte, um país fechado e cada vez mais isolado, com uma economia exaurida, depende em grande parte da ajuda humanitária para alimentar seus 23 milhões de habitantes.

Em 2005, os norte-coreanos se declararam a oitava potência nuclear do mundo, depois de Estados Unidos, Rússia, França, Grã-bretanha, China, Índia e Paquistão. Mas Pyongyang não confirmou a declaração com um teste nuclear.

Em maio do mesmo ano, o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed ElBaradei, estimou que o regime comunista teria por volta de seis bombas atômicas.

Além disso, Pyongyang disporia de um programa de mísseis suficientemente desenvolvido, mas os especialistas duvidam que tenha alcançado a capacidade técnica necessária para miniaturizar a bomba nuclear e montar uma ogiva nuclear.

Em 5 de julho, a Coréia do Norte lançou sete mísseis de teste, entre eles um Taepodong 2 intercontinental capaz, teoricamente, de atingir o Alasca, embora todos os mísseis tenham caído no Mar do Japão pouco depois do lançamento.

Os especialistas estão divididos sobre a possibilidade de o teste desencadear uma corrida armamentista.

"Isto poderia proporcionar um pretexto para o armamento nuclear japonês, que por sua vez teria repercussões na China e na Rússia, e modificaria o equilíbrio na região", declarou em 4 de outubro o vice-ministro sul-coreano das Relações Exteriores, Yu Myung-Hwan.

Em meados dos anos 1970, a Coréia do Sul renunciou a seu programa de armamento nuclear, sob forte pressão americana.

A crise atual começou em 2002, quando os Estados Unidos acusaram a Coréia do Norte de desenvolver um programa clandestino de enriquecimento de urânio, violando um tratado bilateral de 1994.

As conversações começaram em 2003, reunindo as duas Coréias, os Estados Unidos, a China, o Japão e a Rússia. Em 19 de setembro de 2005, um acordo foi alcançado, segundo o qual a Coréia do Norte renunciava a seu programa nuclear militar em troca, principalmente, de garantias de segurança.

Mas Pyonyang se contradisse, apresentando como nova condição a suspensão das sanções financeiras impostas pelos Estados Unidos a entidades norte-coreanas acusadas de lavar dinheiro e desde 2005 a Coréia do Norte se recusa a voltar à mesa de negociações.




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