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Namorar no trabalho pede bom senso
Soraia de Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
07/06/2009 | 08:11
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Não é de hoje que o fato de namorar algum colega de trabalho é visto como tabu. Polêmica, se não for conduzida da maneira mais cautelosa possível, a questão pode resultar em transferência ou até mesmo demissão do casal. Salvo em empresas com visão moderna, namorados no mesmo ambiente de trabalho não são vistos com bons olhos e, geralmente, tornam-se alvo de comentários maldosos.

"Por isso mesmo é importante manter o relacionamento afetivo fora da instituição. Além disso, só almoçar com o parceiro pode gerar isolamento do restante do grupo, o que dá margem para o falatório", alerta a gerente de planejamento de carreira da Ricardo Xavier Recursos Humanos, Melina Graf.

Na avaliação dela, o primeiro passo é solicitar um manual de ética e comportamento à empresa para que se saiba se há alguma cláusula a esse respeito, seja proibindo ou restringindo o namoro. "Então, o passo seguinte é comunicar seu superior imediato para que ele não descubra por terceiros e até faça suas recomendações", orientou.

O casal precisa tomar medidas preventivas para não dar motivos a falatórios. "Recomendo aos dois não pararem para tomar cafezinho juntos, evitarem sair da empresa de mãos dadas e muito menos demonstrarem paixão exacerbada."

Como explica a consultora de carreira da Catho Consultoria em Recursos Humanos,Mayra Fragiácomo, não se deve fazer cena de ciúmes dentro da organização ou usar apelidos carinhosos. "É comum que as pessoas se envolvam dentro de uma empresa, pois ficam muito tempo juntas", apontou.

Mayra acredita que o preconceito que pode existir com colegas de trabalho que namoram é ultrapassado, "pois existe algo que a empresa não pode controlar: o sentimento de seus funcionários". Além disso, a postura workaholic é muito valorizada hoje em dia, o que favorece os relacionamentos.

"Porém, tem de valer o bom senso. Se for canalizado para o bem, o relacionamento pode inclusive aumentar a produtividade. Essa é uma dupla tarefa, manter a saúde do trabalho e do relacionamento", defendeu. Melina concorda: "se os funcionários estão mais felizes eles se sentem inclusive mais motivados".

DEFESA
Segundo o vice-presidente de Relações Trabalhistas e Sindicais da ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos), Carlos Pessoa,não há amparo legal algum a essa prática de namorar no local de trabalho. "Algumas empresas proíbem o namoro e até mesmo a permanência de parentes ou cônjuges na companhia, mas isso é ilegal. O que as instituições podem fazer é proibir condutas inadequadas no ambiente de trabalho, tanto entre namorados como entre colegas", explicou.

Para Pessoa, é falsa a afirmação de que o namoro ou a relação afetiva entre empregados de uma mesma instituição pode afetar a produtividade. "É importante lembrar que estamos falando de seres humanos que têm o direito a construir relações afetivas."

Na empresa norte-americana de vendas diretas Mary Kay, casais constroem carreira de sucesso. Por isso, ela permite e estimula esse tipo de relacionamento. No entanto, é válido ressaltar que ambos não convivem no mesmo ambiente de trabalho.

A instituição também colabora para que os companheiros se sintam inseridos na carreira independente. "Nos eventos oficiais, por exemplo, preparamos atividades especiais para os maridos ou namorados, que também se apresentam no palco do evento, para alegria das companheiras", afirmou Ismael Ferreira, gerente-geral da Mary Kay no Brasil.

Para motivar, os parceiros são incluídos nas viagens que as diretoras de vendas conquistam, quando têm um bom desempenho em seu negócio independente.




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