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Paixão de Cristo, paixão do mundo
Dom Pedro Cipollini
21/03/2024 | 09:01
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Fernandes


Está próxima a Páscoa. Os cristãos celebram o ‘Mistério Pascal’: Jesus Cristo morreu e ressuscitou! É a vida que vence a morte. Esse é o motivo da semana santa à qual tem seu ponto alto na celebração da Páscoa, que quer dizer passagem. Passagem de Jesus Cristo, da morte na cruz, para a vida que não se acaba. Para Deus até a escuridão é luminosa. Essa frase de um salmo pode bem dar o tom e o sentido da celebração pascal.

É bom renovar a esperança em meio ao desespero que nos cerca. Aqui bem perto de nós, no Grande ABC, a violência e a insensibilidade estão presente, através dos despejos de famílias que não têm para onde ir. É errado ocupar terreno alheio, mais errado é o modo como a terra é repartida, em um país cuja Constituição diz que todos têm direito à moradia, mas isso não é cumprido.

Lá fora também se revive a paixão de Cristo nas muitas guerras em andamento, cujo emblema é o conflito na Faixa de Gaza, onde crianças, idosos e doentes são humilhados e, famintos, acabam expulsos e encurralados. O terrorismo é criminoso. O combate a ele não pode igualá-lo. Na Terra Santa onde Cristo viveu o sofrimento de ambos os lados revive sua paixão e morte. Por isso é bom celebrar também sua ressurreição: esperança de vitória da vida e da paz.

A Semana Santa é um itinerário seguindo Jesus no seu sofrimento com os olhos voltados para o sofrimento do mundo. Paixão de Cristo, paixão do mundo! Esta semana inclui o domingo de Ramos, no qual se celebra a entrada de Jesus em Jerusalém, montado em um jumentinho, montaria dos pacíficos. Ele é aclamado como o ‘Messias’. Os fiéis revivem esse momento aclamando Jesus com palmas e ramos, que são abençoados, para serem colocados nas casas como gesto de fé e adesão a Cristo.

A Quinta-feira Santa celebra dois momentos do itinerário de Jesus nesta semana: a instituição da Eucaristia, quando Jesus abençoa e parte o pão dizendo aos discípulos: “Isto é meu corpo, que é entregue por vós”. Da mesma forma abençoa o cálice com vinho dizendo: “Este cálice é a nova aliança em meu sangue”. O segundo momento é quando Jesus ensina como se deve viver o amor ao próximo no dia a dia: através do serviço. Para dar o exemplo, ele lava os pés dos apóstolos!

Na Sexta-feira Santa é celebrada a morte de Cristo na Cruz: ‘Tendo nos amado, amou até o fim’. O amor de Cristo até a morte é o grande sinal do respeito de Deus por nossa liberdade. Ele prefere morrer por nós, do que nos obrigar a aceitar à força sua pessoa e ensinamentos. Em Jesus Deus sempre espera que lhe retribuamos amor com amor. Assim, a cruz é obra do amor! É o amor que salva. e não o sacrifício.

No sábado santo, a Igreja em silêncio medita e espera a ressurreição. Na noite deste dia acontece a Vigília Pascal, a principal celebração da Igreja. Nela celebra-se a vitória de Cristo sobre a morte. A morte o tragou, mas lá de dentro da morte Jesus matou a morte, fazendo-a implodir. Ela não tem força na vida de quem crê. É uma celebração belíssima com quatro partes: Liturgia da Luz, que vence as trevas; Liturgia da Palavra; Liturgia do Batismo, na qual se renovam as promessas batismais; e Liturgia Eucarística.

E, por fim, o Domingo de Páscoa, que é o dia da alegria e da vitória de Jesus Cristo. Ele aparece aos discípulos e lhes comunica a Paz e o Espírito Santo. Assim, todos nós pela fé, podemos participar também de sua vitória. As coisas antigas já se passaram, cantamos, somos novas criaturas. Da celebração da Semana Santa todo fiel sai reconfortado e repleto de esperança, porque percebe a ação de Deus que está construindo a cidade misticamente chamada de Jerusalém Celeste, uma nova humanidade, com os escombros da Babilônia, cidade da violência, maldade e morte. 

Não é a morte, mas a vida que tem a última palavra no drama da história humana!

Feliz Páscoa a todos!

Dom Pedro Carlos Cipollini é bispo diocesano de Santo André.




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